São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2008

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Cai total de famílias que vivem com meio salário

Número de famílias com renda per capita de até meio salário passou de 31,6%, em 1997, para 23,5%, em 2007

IBGE aponta como causa programas de transferência de renda e a melhora da economia; no Nordeste, a queda foi mais acentuada

DA SUCURSAL DO RIO

Os dados da Síntese de Indicadores Sociais mostram que o número de famílias que viviam com renda familiar per capita de até meio salário mínimo caiu desde 1997. Passou de 31,6% para 23,5% no ano passado. No Nordeste, a queda foi mais expressiva; o percentual passou de 53,9% para 43,1%.
Para o presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Eduardo Nunes, apesar disso, o país ainda tem muito a melhorar na redução da pobreza.
"O número de famílias que ainda vivem em condições de pobreza é muito expressivo para o tamanho da riqueza que o país produz", disse.
Segundo Ana Lúcia Saboia, gerente de Indicadores Sociais do instituto, a redução em termos percentuais do número de famílias que vivem com renda familiar per capita de até meio salário mínimo é resultado dos programas de transferência de renda e também da melhora da economia.
Nos últimos anos, aumentou a fatia dos 20% mais pobres. Em 2001, eles representavam 2,6% da renda total. No ano passado, essa fatia aumentou para 3,2% do total de rendimentos. A velocidade desse aumento é o ponto que ainda divide especialistas. De 2006 para 2007, por exemplo, os 20% mais pobres ampliaram sua participação de 3% para 3,2%.
O valor médio do rendimento familiar per capita ficou em R$ 624 no ano passado. Apesar disso, metade das famílias viviam com valores que ficavam abaixo de R$ 380, que correspondia ao valor do salário mínimo em 2007.
De acordo com a pesquisa, metade das famílias nordestinas viviam com até R$ 214 per capita, enquanto no Sudeste este valor subia para R$ 441.
A relação dos rendimentos dos 40% mais pobres e dos 10% mais ricos, no entanto, tem caído e passou de 19,4 vezes em 2004 para 17,2 no ano passado.
Para a economista Lena Lavinas, da UFRJ, a queda na taxa de desemprego é a principal causa do aumento da renda per capita das famílias.
Na sua avaliação, o Bolsa Família tem uma capacidade de reduzir a "intensidade e severidade da pobreza", mas não de diminuir o número de pobres.
"O que mais reduz a pobreza é o emprego. E a economia vem crescendo de forma sustentável. Em segundo lugar, os benefícios previdenciários, principalmente na zona rural, ajudam a aumentar a renda das famílias. A capacidade do Bolsa Família, neste sentido, é muito menor do que essas duas anteriores", disse.


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