São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2010

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ANÁLISE ENSINO SUPERIOR

Número de matrículas em "reprovadas" ainda é grande

Dados preliminares indicam leve melhora na distribuição de estudantes

OSCAR HIPÓLITO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os dados preliminares do Censo da Educação Superior de 2009 indicam uma leve melhora na distribuição do número de estudantes matriculados nas instituições de ensino superior avaliadas pelo MEC (Ministério da Educação).
Essa sinalização é vista pelo IGC (Índice Geral de Cursos da Instituição), que é um indicador que leva em conta, em sua composição, a qualidade dos cursos de graduação e de pós-graduação (mestrado e doutorado) oferecidos.
Apesar de o número total de matriculados nas instituições avaliadas permanecer praticamente o mesmo de 2008, em 2009 houve uma diminuição de 7,5% nas matrículas em instituições com IGC 1 e 2 e de 1,8% naquelas com IGC 3 .
Entretanto, houve um aumento de 11% no número de matrículas em instituições com IGC 4 e 5, que são as mais bem avaliadas pelo Ministério da Educação. Uma das possíveis explicações para esse fato poderia ser o reflexo dos resultados da avaliação, aumentando o interesse dos estudantes por instituições mais bem avaliadas. Fato esse que, sem dúvida, deverá ocorrer no futuro.
Entretanto, essa alternativa necessitaria de aprofundamento na análise dos dados, uma vez que apenas o número de ingressantes nessas instituições pode não justificar o aumento verificado.

EXPANSÃO
Outra possibilidade, mais realista, viria da expansão do número de vagas no sistema federal de ensino superior, com a criação de algumas novas instituições e de muitos campi avançados de universidades já existentes.
O aumento de matriculados em 2009 nas federais está compatível com a variação do número de estudantes em instituições com IGC 4 e 5, que são os conceitos da quase totalidade das IES federais.
Por outro lado, a queda de matrículas em instituições não bem avaliadas, com IGC 1 e 2, pode ter sido provocada pela oferta de vagas no setor público federal em regiões mais distantes dos grandes centros.
Em que pese o aumento dos alunos em instituições mais bem avaliadas, há que se considerar que é ainda muito grande o número de mais de 680 mil estudantes matriculados (correspondendo a 15% do total) em instituições admitidas como ruins pelo Ministério da Educação.
Espera-se que alguma ação seja tomada com urgência para corrigir essa deficiência em defesa dos alunos e da sociedade.


OSCAR HIPÓLITO, ex-diretor do Instituto de Física e Química de São Carlos, USP, é pesquisador do Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia


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