São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

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VIOLÊNCIA

Desempregado foi apresentado como autor dos disparos contra seguranças do filho de Alckmin durante tentativa de assalto

Polícia diz ter esclarecido morte de policial

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia de São Paulo apresentou ontem o desempregado Antonio Marcos Alencar, 23, como o autor dos disparos contra os policiais militares que faziam a segurança de Thomaz Alckmin, 19, filho do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, não passou de uma tentativa de assalto o ataque aos policiais Diógenes Barbosa Paiva, 37, que morreu, e Adoniran Francisco dos Santos Júnior, 29, que levou um tiro no pescoço.
Ainda por essa versão, os PMs foram baleados porque tentaram reagir. O crime ocorreu na noite de terça-feira, em frente ao prédio da namorada de Thomaz, Fabíola Trombelle, na Vila Mariana.
"Não temos dúvida sobre a autoria nem sobre a forma de ação", afirmou o secretário Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança Pública). Ele disse que os autores do ataque são ladrões de carro sem ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que vem realizando uma série de atentados no Estado.
Segundo a polícia, Alencar é filho de um sargento reformado da PM, tem passagem por roubo e porte de arma e esteve preso, por três meses, na Casa de Detenção.
Além de Alencar, foram apresentadas ontem mais três pessoas envolvidas no crime: o desempregado Ricardo de Souza Ibiapina, 26, o vigilante Emerson Gomes da Silva, 30, o Fiti, e a operadora de telemarketing Gisele Aparecida Cintra, 18.
Abreu Filho não quis dar na entrevista coletiva, de cerca de 40 minutos, detalhes de como a polícia chegou aos criminosos. "Bandido lê jornal. Não vou explicar isso", disse. O secretário só afirmou que os quatro presos confirmaram, informalmente, o crime, apresentaram a arma (uma pistola 380) e o automóvel Celta prata, usado no atentado aos PMs.
Segundo o secretário, exame de balística em projéteis encontrados no Vectra azul usado pelos seguranças de Thomaz mostram que a arma encontrada com o grupo é a mesma usada no crime.
No ataque aos PMS, segundo a polícia, Alencar e Ibiapina tentaram cercar o Vectra enquanto Fiti aguardava no Celta. Ainda de acordo com a polícia, Ibiapina tentou segurar Diógenes, que estava no banco do motorista do Vectra, que tentou reagir. Do outro lado do carro, Alencar -o único que estava armado no grupo- teria feito os disparos.
A polícia evitou comentar se houve falha dos seguranças de Thomaz. "O procedimento de estar os dois no carro, ao mesmo tempo, é inusual. Mas pode haver algum motivo para isso. É difícil julgar", disse o secretário.
A investigação e a prisão foram realizadas por policiais do Denarc, que também não quiseram dar detalhes de como chegaram ao primeiro preso, Ibiapina, às 14h de ontem.
Ele foi detido em um consultório dentário por policiais disfarçados. Ibiapina teria dado informações sobre Alencar, que repassou o paradeiro das outras duas pessoas do grupo.
A arma e o Celta teriam sido encontrados na casa de Gisele, no Campo Limpo (zona sul). O automóvel, segundo a polícia, teria sido roubado em março deste ano.
Os quatro foram apresentados à imprensa sem que tivesse sido feito seu reconhecimento pelo PM que sobreviveu. Santos Júnior foi submetido ontem a uma cirurgia no Hospital Militar para a retirada da bala alojada no pescoço.
O grupo não pôde dar declarações à imprensa e não havia advogado no local. Os três rapazes apresentavam ferimentos no rosto. Questionado sobre isso, o diretor do Denarc, Ivaney Cayres de Souza, disse que não percebeu os ferimentos e afirmou que, se eles existissem, poderiam ser anteriores à prisão.
Souza disse que a prisão foi feita por policiais do Denarc porque toda a polícia de São Paulo estava envolvida na resolução do caso. Os rapazes serão indiciados por formação de quadrilha, receptação, porte de arma, tentativa de latrocínio -no caso de Santos Júnior- e latrocínio. Gisele responderá por formação de quadrilha.
Pela manhã, o delegado Armando Oliveira da Costa Filho, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que oficialmente presidia o inquérito policial do caso, foi à Vila Carioca (zona sul), para analisar um Peugeot prata que poderia ter sido usado no ataque. Horas depois, a ligação desse veículo com o caso foi descartada.


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