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VIOLÊNCIA
Desempregado foi apresentado como autor dos disparos contra seguranças do filho de Alckmin durante tentativa de assalto
Polícia diz ter esclarecido morte de policial
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia de São Paulo apresentou ontem o desempregado Antonio Marcos Alencar, 23, como o
autor dos disparos contra os policiais militares que faziam a segurança de Thomaz Alckmin, 19, filho do governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, não passou de uma
tentativa de assalto o ataque aos
policiais Diógenes Barbosa Paiva,
37, que morreu, e Adoniran Francisco dos Santos Júnior, 29, que levou um tiro no pescoço.
Ainda por essa versão, os PMs
foram baleados porque tentaram
reagir. O crime ocorreu na noite
de terça-feira, em frente ao prédio
da namorada de Thomaz, Fabíola
Trombelle, na Vila Mariana.
"Não temos dúvida sobre a autoria nem sobre a forma de ação",
afirmou o secretário Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança Pública). Ele disse que os autores do
ataque são ladrões de carro sem ligação com a facção criminosa
PCC (Primeiro Comando da Capital), que vem realizando uma
série de atentados no Estado.
Segundo a polícia, Alencar é filho de um sargento reformado da
PM, tem passagem por roubo e
porte de arma e esteve preso, por
três meses, na Casa de Detenção.
Além de Alencar, foram apresentadas ontem mais três pessoas
envolvidas no crime: o desempregado Ricardo de Souza Ibiapina,
26, o vigilante Emerson Gomes da
Silva, 30, o Fiti, e a operadora de
telemarketing Gisele Aparecida
Cintra, 18.
Abreu Filho não quis dar na entrevista coletiva, de cerca de 40
minutos, detalhes de como a polícia chegou aos criminosos. "Bandido lê jornal. Não vou explicar isso", disse. O secretário só afirmou
que os quatro presos confirmaram, informalmente, o crime,
apresentaram a arma (uma pistola 380) e o automóvel Celta prata,
usado no atentado aos PMs.
Segundo o secretário, exame de
balística em projéteis encontrados no Vectra azul usado pelos seguranças de Thomaz mostram
que a arma encontrada com o
grupo é a mesma usada no crime.
No ataque aos PMS, segundo a
polícia, Alencar e Ibiapina tentaram cercar o Vectra enquanto Fiti
aguardava no Celta. Ainda de
acordo com a polícia, Ibiapina
tentou segurar Diógenes, que estava no banco do motorista do
Vectra, que tentou reagir. Do outro lado do carro, Alencar -o
único que estava armado no grupo- teria feito os disparos.
A polícia evitou comentar se
houve falha dos seguranças de
Thomaz. "O procedimento de estar os dois no carro, ao mesmo
tempo, é inusual. Mas pode haver
algum motivo para isso. É difícil
julgar", disse o secretário.
A investigação e a prisão foram
realizadas por policiais do Denarc, que também não quiseram
dar detalhes de como chegaram
ao primeiro preso, Ibiapina, às
14h de ontem.
Ele foi detido em um consultório dentário por policiais disfarçados. Ibiapina teria dado informações sobre Alencar, que repassou
o paradeiro das outras duas pessoas do grupo.
A arma e o Celta teriam sido encontrados na casa de Gisele, no
Campo Limpo (zona sul). O automóvel, segundo a polícia, teria sido roubado em março deste ano.
Os quatro foram apresentados à
imprensa sem que tivesse sido feito seu reconhecimento pelo PM
que sobreviveu. Santos Júnior foi
submetido ontem a uma cirurgia
no Hospital Militar para a retirada
da bala alojada no pescoço.
O grupo não pôde dar declarações à imprensa e não havia advogado no local. Os três rapazes
apresentavam ferimentos no rosto. Questionado sobre isso, o diretor do Denarc, Ivaney Cayres de
Souza, disse que não percebeu os
ferimentos e afirmou que, se eles
existissem, poderiam ser anteriores à prisão.
Souza disse que a prisão foi feita
por policiais do Denarc porque
toda a polícia de São Paulo estava
envolvida na resolução do caso.
Os rapazes serão indiciados por
formação de quadrilha, receptação, porte de arma, tentativa de
latrocínio -no caso de Santos Júnior- e latrocínio. Gisele responderá por formação de quadrilha.
Pela manhã, o delegado Armando Oliveira da Costa Filho, do
DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que
oficialmente presidia o inquérito
policial do caso, foi à Vila Carioca
(zona sul), para analisar um Peugeot prata que poderia ter sido
usado no ataque. Horas depois, a
ligação desse veículo com o caso
foi descartada.
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