São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

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Família enterra em segredo advogada do PCC

DA REPORTAGEM LOCAL

A advogada do PCC Ana Maria Olivatto Herbas Camacho, assassinada a tiros em uma suposta guerra entre lideranças da facção, foi enterrada pela família em segredo, ontem, em Guarulhos (Grande São Paulo).
A mãe, irmãos, duas colegas e o filho -menos de dez pessoas- acompanharam o funeral antes das 7h. Familiares da advogada não queriam cobertura da imprensa e exposição.
"Todos nós queremos ver as pessoas que fizeram isso na cadeia, inclusive o marido dela", afirma um parente que pediu à Folha para não ser identificado.
O assaltante de banco Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, um dos fundadores do PCC e marido de Ana, não quis sair do presídio de Araraquara (273 km de SP) para ir ao enterro. Ele recebeu a notícia do assassinato anteontem e teria dito que "cobraria essa dívida pessoalmente".
A polícia tem pistas de um suspeito de ter assassinado a advogada, quando ela saía de casa em Guarulhos, anteontem. "Está havendo uma guerra entre eles", afirma o diretor do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), o delegado Godofredo Bittencourt.
De um lado da luta pelo poder, estaria Marcola e César Augusto Roris da Silva, o Cesinha. Do outro, José Márcio Felício, o Geleião.
O motivo das divergências seria a decisão de Geleião de promover atentados para pressionar o governo a rever o isolamento das lideranças do PCC, que estão detidas no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes -o único no país com equipamento que bloqueia celulares.
Ontem, o presídio de Araraquara entrou em luto, por ordem de Marcola. Por alguns minutos, os presos não jogaram bola no pátio da unidade -como fazem todos os dias- e dedicaram orações à advogada.
O luto, porém, foi mais modesto do que outros lutos realizados na unidade, como por exemplo quando 12 integrantes da facção criminosa foram mortos em Sorocaba, em março deste ano, após confronto com a Polícia Militar. Na época, o luto durou todo o dia e nenhuma atividade foi praticada pelos detentos, além das orações.
A polícia deve divulgar hoje um retrato falado do homem que atirou em Ana. Ontem, ele não foi divulgado porque policiais do Deic procuravam um suspeito -integrante do PCC.


Colaborou a Folha Ribeirão

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