São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

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ABASTECIMENTO

Na região, o município mais afetado pela escassez de chuvas é Uberaba (MG), segundo o governo federal

Falta de água ameaça 45 cidades do Sudeste

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A população de 45 cidades da região Sudeste e de uma do Paraná pode ficar sem o mínimo de água recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) -80 litros diários por habitante- caso não chova nos próximos dias. De acordo com o ministro José Carlos Carvalho (Meio Ambiente), esses municípios estão em situação "preocupante".
Além dessas cidades, o país tem ainda outros 550 municípios do Norte e do Nordeste -regiões que tradicionalmente enfrentam estiagem nesta época do ano- que decretaram situação de emergência. Essas regiões estão sendo atendidas por caminhão-pipa, e as famílias carentes recebem uma bolsa no valor de R$ 30.
Entre as cidades em situação "preocupante", Uberaba (MG) é a que ocupa o topo da lista elaborada pelo governo a partir do risco de problemas no abastecimento. O rio Paraíba do Sul está com apenas 32% da vazão normal no ponto onde a água do município é coletada. O volume está baixo devido à seca e ao uso, não-autorizado, por empresas e indústrias.
A ANA (Agência Nacional de Águas) espera que o volume retorne ao normal em novembro, quando as chuvas recomeçam.
Após dois anos de criação da agência e de seis anos com chuvas abaixo do necessário para repor o nível dos reservatórios, agora o governo federal diagnosticou a necessidade de implantar medidas para evitar crises no abastecimento de água.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o ideal é que os governos estaduais e municipais elaborem leis para cobrar pelo fornecimento de água para empresas. No caso do rio Paraíba do Sul, uma comissão deve instalar a cobrança a partir de novembro.

Dificuldades
O levantamento de dados sobre a situação dos reservatórios feito pelo ministério esbarra na falta de informações. Atualmente, o governo avalia apenas a situação e nível dos grandes rios, utilizados na geração de energia, deixando sem medição os rios intermediários e pequenos -usados para abastecimento de água potável.
Devido a essa falha, o governo pretende fazer um cadastramento das bacias disponíveis e instalar novos pontos medidores de nível da água. Assim seria possível, em caso de necessidade, determinar a interrupção do uso da água para outros fins que não fossem o abastecimento da população. O fornecimento de água para a população deve ser prioridade em situações extremas, de acordo com a lei nš 9.433/97.
Um convênio com a OMM (Organização Metrológica Mundial) garante U$ 2,1 milhões, nos próximos cinco anos, para a ampliação do número de medidores.
Outra medida será a identificação nacional de mananciais, por meio do Plano Estratégico de Abastecimento. O governo atualmente licita o plano, orçado em R$ 1 milhão, para um trabalho que vai até 2025.
Apesar de o brasileiro gastar muito mais do que o recomendado pela OMS, o governo não estuda fazer campanhas para alertar sobre o desperdício de água.
A média nacional de consumo é de 150 litros por habitante por dia. O campeão nacional é o bairro Lago Sul, em Brasília, com média de 600 litros diários por pessoa.


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