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ROUBO ON-LINE
Grupo de 63 pessoas preso em quatro Estados movimentou R$ 240 milhões de correntistas de seis bancos
Quadrilha de hackers tinha hierarquia
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal descobriu, ao
fazer o exame pericial preliminar
dos 57 computadores apreendidos na operação Cavalo de Tróia
2, que a quadrilha de hackers que
agia em quatro Estados tinha uma
extensa rede hierárquica.
Na última semana, 63 hackers
foram presos no Pará, Maranhão,
Ceará e Tocantins. O grupo movimentou um total de R$ 240 milhões nos dez meses em que agiu.
No topo da quadrilha estava o
programador, que criava o programa de furto de senhas, e o explorador do programa, que gerenciava a operação. Em Belém, a
Polícia Federal identificou Wellington Patrick Borges de Souza
como sendo o líder da quadrilha.
Logo abaixo na hierarquia, estavam os chamados "carteiros",
que enviavam as mensagens para
as vítimas da fraude e conseguiam
uma forma de lavar o dinheiro.
Segundo a Polícia Federal, cerca
de 30 mil e-mails com o programa
fraudador eram enviados diariamente pela quadrilha.
Na ponta inferior, estavam os
"laranjas", que emprestavam suas
contas bancárias para receber o
dinheiro desviado. Eles recebiam
de R$ 100 a R$ 500.
A Polícia Federal conseguiu detectar o destino de cerca de R$ 60
milhões que foram lavados pela
quadrilha. O resto pode estar aplicado no Brasil ou ter sido enviado
para o exterior.
Baseados principalmente em
Belém e Parauapebas (836 km da
capital), as ações do grupo lesavam em sua maioria correntistas
dos bancos Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco,
HSBC, Unibanco e Itaú, nas regiões Sul e Sudeste, onde o uso da
internet para movimentações financeiras é mais comum.
O grupo usava e-mails para infectar os computadores de clientes de bancos com um programa,
conhecido como Cavalo de Tróia,
que "furtava" números de contas
e senhas das vítimas e enviava-os
para a quadrilha.
"As investigações agora estão
voltadas para a apuração de como
se formou o esquema de fraudes.
Belém e Parauapebas são os pólos
originários de uma extensa rede, e
o processo de difusão desta rede
ainda precisa ser esclarecido",
disse Cristiano Sampaio, delegado responsável pela operação Cavalo de Tróia 2.
Os integrantes da quadrilha são
acusados de estelionato, quebra
de sigilo bancário, formação de
quadrilha e lavagem de dinheiro.
Análise
O chefe do Serviço de Perícias
em Informática da Polícia Federal, Paulo Quintiliano, afirma que
a análise dos computadores
apreendidos irá ser ponto fundamental nas investigações. "Vamos trabalhar nos finais de semana, se for preciso". Cada computador leva, em média, duas semanas para ser periciado.
A perícia completa dos equipamentos será feita pela Polícia Federal em Brasília e deve levar cerca de dez dias.
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