São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2004

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ROUBO ON-LINE

Grupo de 63 pessoas preso em quatro Estados movimentou R$ 240 milhões de correntistas de seis bancos

Quadrilha de hackers tinha hierarquia

TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Federal descobriu, ao fazer o exame pericial preliminar dos 57 computadores apreendidos na operação Cavalo de Tróia 2, que a quadrilha de hackers que agia em quatro Estados tinha uma extensa rede hierárquica.
Na última semana, 63 hackers foram presos no Pará, Maranhão, Ceará e Tocantins. O grupo movimentou um total de R$ 240 milhões nos dez meses em que agiu.
No topo da quadrilha estava o programador, que criava o programa de furto de senhas, e o explorador do programa, que gerenciava a operação. Em Belém, a Polícia Federal identificou Wellington Patrick Borges de Souza como sendo o líder da quadrilha.
Logo abaixo na hierarquia, estavam os chamados "carteiros", que enviavam as mensagens para as vítimas da fraude e conseguiam uma forma de lavar o dinheiro. Segundo a Polícia Federal, cerca de 30 mil e-mails com o programa fraudador eram enviados diariamente pela quadrilha.
Na ponta inferior, estavam os "laranjas", que emprestavam suas contas bancárias para receber o dinheiro desviado. Eles recebiam de R$ 100 a R$ 500.
A Polícia Federal conseguiu detectar o destino de cerca de R$ 60 milhões que foram lavados pela quadrilha. O resto pode estar aplicado no Brasil ou ter sido enviado para o exterior.
Baseados principalmente em Belém e Parauapebas (836 km da capital), as ações do grupo lesavam em sua maioria correntistas dos bancos Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, HSBC, Unibanco e Itaú, nas regiões Sul e Sudeste, onde o uso da internet para movimentações financeiras é mais comum.
O grupo usava e-mails para infectar os computadores de clientes de bancos com um programa, conhecido como Cavalo de Tróia, que "furtava" números de contas e senhas das vítimas e enviava-os para a quadrilha.
"As investigações agora estão voltadas para a apuração de como se formou o esquema de fraudes. Belém e Parauapebas são os pólos originários de uma extensa rede, e o processo de difusão desta rede ainda precisa ser esclarecido", disse Cristiano Sampaio, delegado responsável pela operação Cavalo de Tróia 2.
Os integrantes da quadrilha são acusados de estelionato, quebra de sigilo bancário, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Análise
O chefe do Serviço de Perícias em Informática da Polícia Federal, Paulo Quintiliano, afirma que a análise dos computadores apreendidos irá ser ponto fundamental nas investigações. "Vamos trabalhar nos finais de semana, se for preciso". Cada computador leva, em média, duas semanas para ser periciado.
A perícia completa dos equipamentos será feita pela Polícia Federal em Brasília e deve levar cerca de dez dias.


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