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Procuradoria apura ameaça neonazista feita pela internet
Membros de ONG foram ameaçados de morte no Orkut, e site que defende direitos dos negros no Brasil foi tirado do ar por hackers
Ministério Público Federal afirma que, como maioria dos agressores usa provedores internacionais, investigação é prejudicada
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de pregar cartazes contra negros, judeus, nordestinos,
imigrantes ilegais e homossexuais, grupos neonazistas também são investigados pelo Ministério Público Federal em
São Paulo por atacar um site
que defende os direitos dos
afrodescendentes no Brasil e
por fazer ameaças de morte.
Após ver sua página invadida
e tirada temporariamente do ar
por hackers, supostamente ligados aos movimentos White
Power (Poder Branco) e Skinhead (Cabeças Raspadas),
membros da Afropress -Agência Afroétnica de Notícias
(www.afropress.com)- recebem agora ameaças de morte
pelo Orkut.
As mais recentes, atribuídas
a neonazistas, foram deixadas
na página de relacionamentos
na internet do casal de jornalistas Dojival Vieira dos Santos,
50, e Dolores Medeiros, 44,
responsáveis pela Afropress, ligada à ONG ABC Sem Racismo.
"Os skinheads estão doidos
para te conhecer, sabia disso?
Eles estão muito interessados
nessa sua ONG, principalmente nessa política de "discriminação positiva'" dizia uma
mensagem colocada em 21 de
setembro no Orkut de Santos.
A autoria é desconhecida, pois
os hackers usam identidades
falsas para mandar os recados.
No dia seguinte, outra mensagem ameaçadora: "Macaco
asqueroso, és tudo o que és, iremos te matar".
Alvo
Por combater e denunciar o
racismo virtual às autoridades
e ao Ministério Público, a Afropress ganha evidência. Assim,
torna-se também alvo de ataques de grupos nazistas.
"Eles [os movimentos racistas] não se restringem a essa
propaganda que aparece nas
ruas. Eles agem também de forma sistemática e tentam monopolizar o controle da rede mundial de computadores. O discurso do ódio racial é sistematicamente praticado por esses
grupos, seja nas ruas ou na internet", afirma Santos.
O Ministério Público Federal
diz ser difícil rastrear os ataques dos hackers feitos à página
da ONG e as ameaças contra os
responsáveis por ela no Orkut.
"O motivo é simples: como a
maioria dos agressores usa provedores internacionais, é complicado pedir a quebra do sigilo
dos dados do responsável pela
página. As leis estrangeiras são
diferentes das brasileiras", diz
o procurador Sergio Suiama.
Segundo ele, uma das alternativas para driblar isso e chegar aos responsáveis pelo conteúdo racista dos sites é interrogar aqueles que acabam presos pela polícia nas ruas.
Panfletos
Anteontem, a PM prendeu
três homens na capital, supostamente ligados ao White Power São Paulo, acusados de crime de racismo por colar cartazes com críticas a programas de
cotas de vagas para negros nas
universidades públicas.
O procurador pedirá a Polícia
Federal que os ouça "para ajudar a identificar mais ativistas".
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