São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 2006

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Promotoria denuncia os fundadores da Renascer

Eles são acusados de criar igreja "laranja" para evitar processos na Justiça

Ministério Público pediu o fechamento dos templos da instituição no Estado de São Paulo; objetivo é evitar que fiéis sejam "enganados"

REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Ministério Público de São Paulo denunciou à Justiça, sob acusação de falsidade ideológica, os fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo.
Segundo a denúncia, o apóstolo Estevam Hernandes Filho, a bispa Sonia Hernandes e o bispo primaz Jorge Luiz Bruno teriam montado uma igreja "laranja", chamada Internacional Renovação Evangélica, para livrar a Renascer de processos.
Na denúncia, o promotor criminal Marcelo Mendroni pede o fechamento de todos os templos da Renascer no Estado. O objetivo é evitar que fiéis continuem sendo "enganados ou prejudicados" com a ação da igreja, que já responde a mais de cem ações de cobrança de dívidas, a maioria trabalhista.
Segundo a denúncia, a igreja Internacional Renovação Evangélica, criada em 2004 por Jorge Luiz Bruno, não existe fisicamente. No endereço indicado na ata de fundação -rua Maria Carlota, 879, na zona leste de São Paulo- funciona um templo da Renascer.
Falsidade ideológica é crime previsto no Código Penal e acontece quando uma pessoa fornece informações falsas com a finalidade de prejudicar direitos. A pena prevista é de um a três anos de reclusão, quando envolve documento falsificado por particular.
Em setembro, fundadores da Renascer foram denunciados por estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. A denúncia foi acatada pela Justiça e tramita na 1ª Vara Criminal, que determinou quebra do sigilo bancário e bloqueio de bens do casal Hernandes.
Um ex-funcionário da Renascer, que se identificou como "J", disse à Folha que o dinheiro arrecadado entre os fiéis era usado para pagar funcionários de empresas dos Hernandes. Assim, sobravam mais recursos para que as empresas comprassem bens. "Oficialmente, eu recebia R$ 1.500. Mas, por fora, recebia R$ 8.000 em notas de R$ 1 e R$ 5, o que caracterizava dinheiro de oferta [dos fiéis]."

Acaso
A relação entre as igrejas foi descoberta depois que a Mapfre Seguros começou a investigar causas de um acidente com um helicóptero segurado pela empresa. A aeronave caiu em 2005 em um haras da filha do casal Hernandes.
Na tentativa de ficar desobrigada de pagar indenização, a Mapfre descobriu que o seguro estava em nome da empresa Radar Segurança e Vigilância Personalizada Ltda., cujo responsável legal era integrante da Renascer. Já o piloto, Márcio José Borba de Melo, morto no acidente, era funcionário da igreja Internacional Renovação Evangélica. Ao analisar a ação, o Ministério Público descobriu a relação entre as duas igrejas, que foram investigadas e, depois, denunciadas.


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