|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Promotoria denuncia os fundadores da Renascer
Eles são acusados de criar igreja "laranja" para evitar processos na Justiça
Ministério Público pediu o fechamento dos templos da instituição no Estado de São Paulo; objetivo é evitar que fiéis sejam "enganados"
REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Ministério Público de São
Paulo denunciou à Justiça, sob
acusação de falsidade ideológica, os fundadores da Igreja
Apostólica Renascer em Cristo.
Segundo a denúncia, o apóstolo
Estevam Hernandes Filho, a
bispa Sonia Hernandes e o bispo primaz Jorge Luiz Bruno teriam montado uma igreja "laranja", chamada Internacional
Renovação Evangélica, para livrar a Renascer de processos.
Na denúncia, o promotor criminal Marcelo Mendroni pede
o fechamento de todos os templos da Renascer no Estado. O
objetivo é evitar que fiéis continuem sendo "enganados ou
prejudicados" com a ação da
igreja, que já responde a mais
de cem ações de cobrança de dívidas, a maioria trabalhista.
Segundo a denúncia, a igreja
Internacional Renovação
Evangélica, criada em 2004 por
Jorge Luiz Bruno, não existe fisicamente. No endereço indicado na ata de fundação -rua
Maria Carlota, 879, na zona leste de São Paulo- funciona um
templo da Renascer.
Falsidade ideológica é crime
previsto no Código Penal e
acontece quando uma pessoa
fornece informações falsas com
a finalidade de prejudicar direitos. A pena prevista é de um a
três anos de reclusão, quando
envolve documento falsificado
por particular.
Em setembro, fundadores da
Renascer foram denunciados
por estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. A
denúncia foi acatada pela Justiça e tramita na 1ª Vara Criminal, que determinou quebra do
sigilo bancário e bloqueio de
bens do casal Hernandes.
Um ex-funcionário da Renascer, que se identificou como
"J", disse à Folha que o dinheiro arrecadado entre os fiéis era
usado para pagar funcionários
de empresas dos Hernandes.
Assim, sobravam mais recursos
para que as empresas comprassem bens. "Oficialmente, eu recebia R$ 1.500. Mas, por fora,
recebia R$ 8.000 em notas de
R$ 1 e R$ 5, o que caracterizava
dinheiro de oferta [dos fiéis]."
Acaso
A relação entre as igrejas foi
descoberta depois que a Mapfre Seguros começou a investigar causas de um acidente com
um helicóptero segurado pela
empresa. A aeronave caiu em
2005 em um haras da filha do
casal Hernandes.
Na tentativa de ficar desobrigada de pagar indenização, a
Mapfre descobriu que o seguro
estava em nome da empresa
Radar Segurança e Vigilância
Personalizada Ltda., cujo responsável legal era integrante da
Renascer. Já o piloto, Márcio
José Borba de Melo, morto no
acidente, era funcionário da
igreja Internacional Renovação
Evangélica. Ao analisar a ação,
o Ministério Público descobriu
a relação entre as duas igrejas,
que foram investigadas e, depois, denunciadas.
Texto Anterior: Prostituição: Polícia espanhola prende grupo brasileiro Próximo Texto: Outro lado: Igreja só falará após analisar a denúncia Índice
|