São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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Família acusa Portugal de torturar brasileira detida

Administradora de empresas é acusada de matar o próprio filho de seis anos

Irmã diz que administradora foi agredida para confessar a morte do filho, que, segundo ela, morreu após tomar um anticonvulsivo

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A família da administradora de empresas baiana Ana Virginia Moraes Sardinha, 38, acusa a polícia de Portugal de mantê-la presa injustamente desde julho sob a acusação de ter matado o próprio filho.
Irmã da acusada, Ana Rosa Sardinha Lima, que mora em Lauro de Freitas (BA), disse que Ana Virginia foi torturada e agredida para confessar a morte de Leonardo Brittes Sardinha Santos, 6.
Um funcionário do consulado brasileiro em Lisboa visitou a presa e disse que ela apresentava marcas de agressões, incluindo queimaduras. Ana Virginia está no Hospital Prisional São João de Deus, em Lisboa.
O drama da brasileira começou no dia primeiro de junho, quando viajou com o filho para Portugal. Lá, se hospedou na casa de Nuno Guilherme de Almeida Sampaio, ex-jogador do clube português Benfica, com quem mantinha relacionamento havia dois anos.
Segundo a família, os dois se desentenderam e a brasileira decidiu retornar ao Brasil. Sua volta estava programada para 5 de julho. Dois dias antes, porém, o menino morreu.
De acordo com a família, a morte ocorreu após a mãe ter dado à criança um remédio anticonvulsivo, que ele tomava normalmente e que foi prescrito por uma médica brasileira. "Minha irmã ministrou o remédio para o filho. Por uma infelicidade, o menino morreu", afirma Ana Rosa.
Segundo o relato da irmã, desesperada com a morte do filho, Ana Virginia tentou o suicídio. Logo depois, foi presa, ficou incomunicável e sofreu agressões. Ana Rosa também afirma que a polícia de Portugal não informou a família no Brasil sobre a prisão da mãe e a morte da criança. Eles foram avisados por amigos portugueses dela.
A brasileira foi presa em 6 de julho, depois de ouvida pelo Tribunal Judicial de Vila Franca de Xira.

Governo brasileiro
Um e-mail escrito pela irmã da presa relatando a situação foi enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim de agosto. O assessor para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e o ministro da Justiça, Tarso Genro, foram avisados sobre o caso. O Itamaraty já acompanhava a história via consulado.
A assessoria do Ministério das Relações Exteriores afirma que ela foi transferida para o hospital prisional após um pedido do consulado brasileiro. Antes, esteve no Estabelecimento Prisional de Tires.
O Itamaraty informou que o consulado cobrou do presídio informações sobre as circunstâncias das supostas agressões. Também pediu que Ana Virginia permanecesse no hospital até o fim da prisão preventiva, mas ainda não teve resposta.
O pai da acusada, José Carlos Guimarães Sardinha, 74, foi a Portugal em setembro para tratar do caso. "Ele quer que minha irmã telefone todos os dias, até para ter certeza de que ela está viva", afirmou Ana Rosa.
A mãe de Ana Virginia, Jacimar de Jesus Moraes Sardinha, 74, não sabe da prisão nem da morte do neto. "Ela tem problemas de saúde, e queremos evitar o pior", disse a irmã. O corpo de Leonardo já foi enterrado em Salvador.


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