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Família acusa Portugal de torturar brasileira detida
Administradora de empresas é acusada de matar o próprio filho de seis anos
Irmã diz que administradora foi agredida para confessar a morte do filho, que, segundo ela, morreu após tomar um anticonvulsivo
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A família da administradora
de empresas baiana Ana Virginia Moraes Sardinha, 38, acusa
a polícia de Portugal de mantê-la presa injustamente desde julho sob a acusação de ter matado o próprio filho.
Irmã da acusada, Ana Rosa
Sardinha Lima, que mora em
Lauro de Freitas (BA), disse
que Ana Virginia foi torturada e
agredida para confessar a morte de Leonardo Brittes Sardinha Santos, 6.
Um funcionário do consulado brasileiro em Lisboa visitou
a presa e disse que ela apresentava marcas de agressões, incluindo queimaduras. Ana Virginia está no Hospital Prisional
São João de Deus, em Lisboa.
O drama da brasileira começou no dia primeiro de junho,
quando viajou com o filho para
Portugal. Lá, se hospedou na
casa de Nuno Guilherme de Almeida Sampaio, ex-jogador do
clube português Benfica, com
quem mantinha relacionamento havia dois anos.
Segundo a família, os dois se
desentenderam e a brasileira
decidiu retornar ao Brasil. Sua
volta estava programada para 5
de julho. Dois dias antes, porém, o menino morreu.
De acordo com a família, a
morte ocorreu após a mãe ter
dado à criança um remédio anticonvulsivo, que ele tomava
normalmente e que foi prescrito por uma médica brasileira.
"Minha irmã ministrou o remédio para o filho. Por uma infelicidade, o menino morreu",
afirma Ana Rosa.
Segundo o relato da irmã, desesperada com a morte do filho,
Ana Virginia tentou o suicídio.
Logo depois, foi presa, ficou incomunicável e sofreu agressões. Ana Rosa também afirma
que a polícia de Portugal não
informou a família no Brasil sobre a prisão da mãe e a morte da
criança. Eles foram avisados
por amigos portugueses dela.
A brasileira foi presa em 6 de
julho, depois de ouvida pelo
Tribunal Judicial de Vila Franca de Xira.
Governo brasileiro
Um e-mail escrito pela irmã
da presa relatando a situação
foi enviado ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva no fim de
agosto. O assessor para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e o
ministro da Justiça, Tarso Genro, foram avisados sobre o caso.
O Itamaraty já acompanhava a
história via consulado.
A assessoria do Ministério
das Relações Exteriores afirma
que ela foi transferida para o
hospital prisional após um pedido do consulado brasileiro.
Antes, esteve no Estabelecimento Prisional de Tires.
O Itamaraty informou que o
consulado cobrou do presídio
informações sobre as circunstâncias das supostas agressões.
Também pediu que Ana Virginia permanecesse no hospital
até o fim da prisão preventiva,
mas ainda não teve resposta.
O pai da acusada, José Carlos
Guimarães Sardinha, 74, foi a
Portugal em setembro para tratar do caso. "Ele quer que minha irmã telefone todos os dias,
até para ter certeza de que ela
está viva", afirmou Ana Rosa.
A mãe de Ana Virginia, Jacimar de Jesus Moraes Sardinha,
74, não sabe da prisão nem da
morte do neto. "Ela tem problemas de saúde, e queremos
evitar o pior", disse a irmã. O
corpo de Leonardo já foi enterrado em Salvador.
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