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Miguel Idalgo, primeiro patrão de Lula
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando Miguel Serrano
Idalgo carimbou a carteira
daquele pernambucano obstinado, que aos 15 anos lhe
batia na porta pedindo um
emprego, não imaginava que
este pudesse deixar sua empresa para ir tão longe na
carreira e na vida.
Idalgo era dono da Fábrica
de Parafusos Marte, em São
Paulo, quando contratou
Luiz Inácio da Silva como office-boy. Em quatro anos, o
garoto dobrou o salário e tornou-se torneiro mecânico
-profissão que o levaria a
outras metalúrgicas e ao movimento sindical.
Idalgo acompanhou essa
ascensão. Ele guardava ainda
aquele livro grosso, com o
primeiro registro profissional que Lula assinara na vida.
E sempre votou em "Luiz".
Não que Idalgo fosse de esquerda -seu pai, espanhol
da Andaluzia que veio ser colono em uma fazenda de café
em Piracicaba, era adepto do
franquismo. Ele mesmo votara em Getúlio Vargas, em
Eurico Gaspar Dutra, em Jânio Quadros. Mas desde que
seu ex-empregado se aventurou na política, eram dele todos os seus votos.
Quando Lula ganhou a
eleição, em 2002 e foi até a
fábrica Marte -hoje dirigida
pelo filho de Idalgo- visitar
os antigos funcionários, o patrão sabia que um ciclo estava se fechando.
Idalgo foi um homem forte, que mesmo aos 90 anos ia
três vezes ao baile dançar
tango, samba e bolero com
sua mulher -que morreu há
cerca de cinco meses. Foi
quando ele desistiu da vida,
segundo a família. Ele deixou
dois filhos e quatro netos, ao
morrer na terça-feira, no
hospital, de parada cardíaca.
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