São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Miguel Idalgo, primeiro patrão de Lula

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando Miguel Serrano Idalgo carimbou a carteira daquele pernambucano obstinado, que aos 15 anos lhe batia na porta pedindo um emprego, não imaginava que este pudesse deixar sua empresa para ir tão longe na carreira e na vida.
Idalgo era dono da Fábrica de Parafusos Marte, em São Paulo, quando contratou Luiz Inácio da Silva como office-boy. Em quatro anos, o garoto dobrou o salário e tornou-se torneiro mecânico -profissão que o levaria a outras metalúrgicas e ao movimento sindical.
Idalgo acompanhou essa ascensão. Ele guardava ainda aquele livro grosso, com o primeiro registro profissional que Lula assinara na vida. E sempre votou em "Luiz".
Não que Idalgo fosse de esquerda -seu pai, espanhol da Andaluzia que veio ser colono em uma fazenda de café em Piracicaba, era adepto do franquismo. Ele mesmo votara em Getúlio Vargas, em Eurico Gaspar Dutra, em Jânio Quadros. Mas desde que seu ex-empregado se aventurou na política, eram dele todos os seus votos.
Quando Lula ganhou a eleição, em 2002 e foi até a fábrica Marte -hoje dirigida pelo filho de Idalgo- visitar os antigos funcionários, o patrão sabia que um ciclo estava se fechando.
Idalgo foi um homem forte, que mesmo aos 90 anos ia três vezes ao baile dançar tango, samba e bolero com sua mulher -que morreu há cerca de cinco meses. Foi quando ele desistiu da vida, segundo a família. Ele deixou dois filhos e quatro netos, ao morrer na terça-feira, no hospital, de parada cardíaca.


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Ubatuba: Corpo de empresário é encontrado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.