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Polícia tenta manter as operações em favelas
Policiamento pacificador atua em cinco favelas no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
Há quase um ano a política
de segurança do Rio combina
operações policiais em favelas e
ocupações permanentes em comunidades então dominadas
pelo tráfico.
A primeira é uma política iniciada na década de 80, de enfrentamento armado com traficantes. Teve sua marca neste
governo na operação em junho
de 2007, no complexo do Alemão, reduto do Comando Vermelho, quando a polícia matou
19 supostos traficantes.
A segunda, em fase inicial, foi
implementada em apenas cinco favelas da capital. As Unidades de Polícia Pacificadora
(UPP) combinam policiamento
maciço e proximidade com moradores das comunidades.
A junção das duas estratégias
provoca críticas de especialistas. Na avaliação do sociólogo
Michel Misse, da UFRJ, as operações policiais "resultam sempre em mortes", porque "são
muitas vezes sem foco e não colocam nada lugar". "Entram e
depois saem".
"Há um lado muito correto
[da política de segurança] que é
a ocupação e logo em seguida
em investimento urbano e social, de presença plena do Estado na favela. Há essas posições
mais inteligentes, acho que é do
próprio secretário. E tem as posições tradicionais que nem
sempre são controláveis."
Tripla função
A Folha pediu à assessoria
de imprensa da Secretaria de
Segurança para comentar as
críticas. As perguntas só foram
respondidas por e-mail. Segundo a secretaria, "não há política
dupla, mas uma polícia com tripla função, o que não acontece
em outros Estados".
"A mesma polícia que faz
prevenção e investigação faz o
combate ao narcotráfico, e ainda tem as UPPs. O ideal é que
fizesse só a prevenção e a investigação. Combate ao tráfico
é uma necessidade indesejável
do dia a dia, é uma situação típica do Rio de Janeiro". Na
Constituição, a atribuição pelo
combate ao tráfico de drogas é
da Polícia Federal.
Segundo a secretaria, as operações policiais são necessárias
para "não deixar o tráfico ganhar corpo".
A secretaria planeja instalar
43 UPPs para atender a 156 favelas. Para isso, teria que ampliar em 12 mil o contingente
-os policiais das UPPs passam
por processo específico de recrutamento e treinamento.
Não há cálculo oficial de custo,
mas só o aumento no número
de policiais aumentaria em
mais de R$ 144 milhões por
ano a folha salarial -representaria um aumento de 12% no
atual orçamento.
Para a socióloga Silvia Ramos, as UPPs já provocam
apreensão dos envolvidos no
tráfico. "Se até agora você pode
dizer que são só cinco comunidades, e são mais de 900 favelas no Rio, objetivamente não é
nada, mas moralmente há sim
um resultado", disse.
Desde 2007, houve queda no
número de casos de homicídios
(10% em dois anos), mas aumento nos casos de roubos a
pedestres (46% em dois anos).
Na avaliação do coronel Paulo Ricardo Paúl, ex-corregedor
da Polícia Militar, "o modelo
utilizado é o de sempre, é o dos
governos anteriores: tiro, porrada e bomba". "É uma repetição, não criaram nada novo
nesse governo".
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