DA SUCURSAL DO RIO

O movimento Rio de Paz fez ontem um desfile macabro na praia de Copacabana para chamar a atenção dos turistas para a banalização da violência. Vinte carrinhos de supermercado percorreram a orla com pessoas simbolizando mortos.
O protesto reproduziu uma das cenas mais chocantes da guerra do tráfico, que vitimou 42 pessoas na última semana: o corpo de um jovem traficante, com marcas de tortura e nove tiros, abandonado, dentro de um carrinho de supermercado.
O fundador do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, teólogo protestante, disse que os carros simbolizam as 20 mil vítimas de morte violenta no Estado desde janeiro de 2007, quando o movimento foi criado.
O cortejo chamou a atenção de turistas na praia, entre eles um grupo de donos de agências de viagem de Ribeirão Preto (SP), que disse ter sido achacado por PMs na chegada à cidade, na quinta. Segundo os empresários, que apoiaram o ato, os policiais exigiram R$ 250 para não apreender o ônibus, alegando que havia um documento vencido, o que não seria verdade.
Representando os mortos, havia donas de casas, jovens de classe média, moradores de rua e um morador da favela Vila do João, Daniel de Freitas Meireles, 22. Desempregado, pai de quatro filhos, Meireles atuava como ambulante na praia quando decidiu participar para protestar contra o desrespeito à vida humana. (ELVIRA LOBATO)


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