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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Regulamentação deve ocorrer nos próximos dias; notificação não implicará abertura de inquérito
Nova lei obriga hospital a notificar agressão
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Todos os hospitais da rede pública e privada do país que atenderem mulheres vítimas de violência serão obrigados a notificar
o caso à Vigilância Sanitária.
A nova lei foi sancionada ontem
pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) e já circula hoje no
"Diário Oficial" da União.
As notificações passarão a ser
obrigatórias depois da regulamentação da lei, o que vai ocorrer
nos próximos dias.
Até hoje não há mecanismos no
país que obriguem a notificação
das agressões sofridas por mulheres. As vítimas de violência, se
quiserem, podem fazer queixa
nas delegacias da mulher, mas isso é opcional.
Campanha
A sanção da lei foi antecipada
para marcar o Dia Internacional
pela Eliminação da Violência contra a Mulher, data que é comemorada hoje em 127 países.
"A subnotificação no Brasil é
muito grande", diz a advogada
Letícia Massula, da Agende
(Ações de Gênero, Cidadania e
Desenvolvimento), uma das instituições organizadoras da campanha que vai marcar a data.
Hoje haverá uma sessão solene
na Câmara dos Deputados, começarão a ser veiculados nacionalmente spots de rádio e os 17 mil
vereadores e deputados estaduais
do Brasil vão receber material para subsidiar a elaboração de projetos de lei para combater a violência contra a mulher.
A campanha tem financiamento do Unifen, o Fundo das Nações
Unidas para o Desenvolvimento
da Mulher.
Inquérito
A partir da regulamentação da
lei, os hospitais serão obrigados a
notificar a agressão. No entanto
isso não implica abertura de inquérito policial para apurar responsabilidades. Um dos empecilhos para a notificação desse tipo
de violência é que as mulheres
evitam denunciar criminalmente
seus agressores.
O motivo para isso está expresso em estatísticas. Pesquisa recente feita pela Sociedade Mundial de
Vitimologia, com sede na Holanda, mostra que 70% das agressões
contra mulheres brasileiras ocorrem dentro de casa. Ou seja: o
agressor é o companheiro, o marido ou um parente.
"A maioria tem muita dificuldade de denunciar o marido", afirma a advogada Massula.
A nova lei poderá ter resultados
práticos, já que 40% das agressões, segundo a mesma pesquisa,
resultam em lesões corporais graves decorrentes de socos, tapas,
chutes, queimaduras, espancamentos e estrangulamentos.
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