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SAÚDE
Balanço divulgado pelo governo mostra que, no total, número de novos casos da doença se estabilizou em cerca de 22 mil por ano
Aids avança entre homens heterossexuais
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao lado da estabilização nos últimos anos do índice de novos casos de Aids confirmados no Brasil, o Ministério da Saúde vem registrando um avanço da doença
entre homens heterossexuais.
O último balanço, divulgado
ontem em Brasília, mostra que,
entre os homens, a relação heterossexual é a principal forma de
transmissão do HIV, vírus causador da Aids, enquanto vêm caindo os registros por drogas injetáveis e relações homossexuais.
Em 2000, a incidência de Aids
entre os homens heterossexuais
era de 60%. Atualmente, supera
65% das notificações.
"Esse aumento é preocupante.
Os medicamentos que corrigem
disfunção erétil estão permitindo
que pessoas com mais idade pratiquem sexo. E há uma tendência
de que essas pessoas não usem
proteção [preservativo"", afirmou
o ministro Humberto Costa (Saúde), para explicar um dos motivos
do avanço da doença entre heterossexuais masculinos.
Com o objetivo de atingir esse
público, o Ministério da Saúde
lançará uma cartilha dirigida a
homens com idade entre 40 e 50
anos, visando incentivar o uso do
preservativo. O personagem será
o Gatão de Meia Idade, do cartunista Miguel Paiva. Serão 300 mil
exemplares distribuídos em estádios de futebol, fábricas, canteiros
de obras e portos, entre outros.
Além disso, haverá um aumento na distribuição de preservativos masculinos no próximo ano,
passando de 300 milhões de unidades/ano para 400 milhões.
O governo incentiva, por meio
da campanha Fique Sabendo, o
aumento do número de testes de
HIV no país. Estima-se que cerca
de 400 mil brasileiros possam ter
o vírus sem saber. Para o diretor
do Programa Nacional de DST-Aids, Alexandre Grangeiro, o desafio é conscientizar a população
de que relações estáveis não significam proteção contra a doença.
Desde 1980, quando o governo
começou a contabilizar os dados
da doença, até setembro deste
ano, foram 277.141 casos. As mortes ocasionadas pela Aids no mesmo período chegaram a 138 mil.
A epidemia se estabilizou no Sudeste e no Centro-Oeste, mas
apresenta tendência de aumento
no Sul, no Norte e no Nordeste.
O ministro da Saúde ressaltou
duas boas notícias em relação à
doença: 1) redução em torno de
30% entre 1997 e 2001 dos casos
de transmissão vertical (da mãe
para o filho) do HIV; e 2) uma virtual eliminação da transmissão
por transfusões de sangue. Em relação às mulheres, a principal forma de transmissão do vírus continua sendo a relação sexual.
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