São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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Para urbanistas, sobram os espaços e faltam as idéias

Pequenos parques, praças e playgrounds de Nova York são considerados bons exemplos de uso de terrenos ociosos

O uso dos espaços livres nas cidades, segundo arquitetos ouvidos pela Folha, é uma maneira de a cidade se transformar dentro dela

DA REPORTAGEM LOCAL

Urbanistas ouvidos pela Folha sobre os "vazios urbanos" decorrentes de terrenos baldios, estacionamentos, orlas ferroviárias e galpões industriais avaliam, em uníssono: sobram espaços e faltam idéias para o melhor aproveitamento dos espaços de São Paulo.
Para Álvaro Puntoni, professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), da USP (Universidade de São Paulo), e da Escola da Cidade, essas áreas disponíveis deveriam ser usadas para ""construir vazios", e não ocupá-los".
"Quase que invariavelmente a ocupação dos vazios subtrai definitivamente os espaços da cidade. Acho que deveríamos ir noutra direção, de manutenção e construção de um novo significado para estes espaços", diz o professor da FAU.
A mesma idéia de aproveitar os vazios da cidade é defendida pelo arquiteto Fernando Viégas. "A idéia não é pegar o vazio e preencher. Isso gera uma perda. É preciso repensar e qualificar o vazio", afirma Viégas.
No momento em que a Prefeitura de São Paulo discute a ampliação do parque Ibirapuera, o maior da cidade e localizado na zona sul, especialistas apontam que terrenos de menor escala também são importantes para o melhor aproveitamento da paisagem urbana.
"Os [espaços vazios] da avenida Sumaré [zona oeste de São Paulo] poderiam ser mais bem aproveitados como área pública. São Paulo carece de áreas de lazer", afirma Gilberto Belleza, presidente do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil).

No primeiro mundo
Os pequenos parques, praças e playgrounds encravados entre as quadras da abarrotada ilha de Manhattan, em Nova York, são apontados como bons exemplos de melhor aproveitamento de áreas como as que estão disponíveis na cidade de São Paulo atualmente.
Em Nova York, os moradores podem usar as áreas de lazer menores próximas de casa sem a necessidade de lotar os grandes parques e também sem a necessidade, por exemplo, de se deslocar com seus veículos, como ocorrer em São Paulo.
Hoje, o Ibirapuera sofre com a superlotação, sobretudo aos fins de semana, e tem problemas com as (poucas) vagas de estacionamento para carros. Para parar carro no parque hoje é preciso pagar.
Outro ponto de unanimidade entre os urbanistas ouvidos pela reportagem é que, considerando o ritmo acelerado de crescimento da cidade, os terrenos baldios tendem a se transformar rapidamente ao serem absorvidos pela construção imobiliária, que criam conjuntos residenciais fechados sem nenhuma relação com o espaço urbano.
O uso coletivo dos vazios, dizem os arquitetos, é um jeito de a cidade se transformar por dentro dela.
"Pensar em programas públicos ou de uso coletivo para esses lugares é fundamental", afirma o arquiteto Jonathan Davies. (VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)


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