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José Nicioli, sonho talhado em madeira
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Diz a família que nos 50
anos em que viveu em São
Paulo, José Ulisses Nicioli
nunca esquecera o "sonho de
voltar para a terra natal", Jacutinga, no sul de Minas Gerais -da qual foi arrancado
quando tinha 1 ano de vida.
Sonho que o bancário aposentado realizou há dez anos,
ao comprar uma casa tranqüila para morar com a mulher. Na oficina que erguera
no quintal, passava o dia esculpindo porta-chaves de
madeira, em que reproduzia
as fachadas das casas coloniais mineiras que fotografava. Não os vendia, mas dava
de presente aos amigos.
Que eram muitos, não só
porque Nicioli fosse um bonachão fã de uma longa conversa, mas porque, há cerca
de três anos, fora convidado
para entrar para a maçonaria. E foram os irmãos da Loja Minas Livre Esperança
que o ajudaram, no momento mais difícil de sua vida.
Há três anos Nicioli havia
descoberto um carcinoma
renal de células claras, doença de difícil tratamento e que
lhe tirara um rim. Se a luta
foi vencida, a batalha continuou, com uma metástase
que exigiu um caro tratamento com Sunitinib. O medicamento era a única esperança. Mas uma caixa custava mais de R$ 11 mil.
O preço fez com os amigos
recorressem ao Ministério
da Saúde -uma verdadeira
odisséia de laudos médicos,
telefonemas e e-mails garantiu o recebimento da primeira caixa. Pouco tempo depois
conseguiram a segunda
-mas esta ficou pela metade.
Ele morreu na terça, no
hospital, em Campinas, aos
61 anos, deixando uma filha e
uma neta em Jacutinga.
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