São Paulo, quarta-feira, 25 de novembro de 2009

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Cresce total de cidades com risco de dengue

Ministério da Saúde aponta que 112 municípios estão em alerta ou podem ter surto da doença em 2010, 47% a mais que neste ano

Das 157 localidades monitoradas, 10 estão em situação mais grave e podem desenvolver surto; 17 capitais estão em alerta

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de cidades em estado de alerta e com risco de terem surto de dengue em 2010 aumentou em relação à previsão feita para este ano.
Levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Saúde mostra que larvas do mosquito Aedes aegypti em quantidade preocupante foram encontrados em 112 municípios neste ano, contra 76 em 2008 -o aumento foi de 47%.
A alta representa mais um possível avanço da doença que disparou no país nas últimas duas décadas e que só no ano passado matou 477 pessoas. Ameaça ainda reverter a queda nos casos registrados neste ano -foram 46% menos infectados em relação a 2008.
Os 112 municípios mencionados no estudo deste ano abrangem 51,1 milhões de pessoas, contra as 32,2 milhões do levantamento de 2008. A amostra analisada em 2009 -157 cidades- foi quase a mesma do ano passado.
Em dez cidades, o quadro é particularmente grave: Camaçari, Ilhéus e Itabuna (BA); Governador Valadares e Ipatinga (MG); Barretos e Presidente Prudente (SP); e Mossoró (RN), Palmas (TO) e Cáceres (MT). Segundo o ministério, elas têm risco de surto.
As outras 102 estão em situação de alerta, incluindo 17 capitais, entre elas Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Goiânia, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. São Paulo ainda não finalizou o estudo.
O levantamento serve para mapear situações de risco da doença. Em 2007, o Rio de Janeiro foi colocado na categoria de cidades em alerta e acabou tendo um surto da doença.

Fatores
O ministro José Gomes Temporão (Saúde) levantou a hipótese de que, em alguns locais, o aumento do número de cidades esteja relacionado a mudanças climáticas, devido à elevação da temperatura, que favorece a proliferação da doença.
Para o epidemiologista José Ricardo Pio Marins, da UnB (Universidade de Brasília), os dados mostram falhas no controle do vetor. "Se as condições ambientais favorecem a proliferação do mosquito, as regiões que têm dengue sabem disso e têm que fazer campanhas e ser mais incisivas no controle", diz.
Além das questões climáticas, o risco de dengue também está ligado a deficiências na estrutura urbana. Isso ocorre principalmente nas regiões Norte e Nordeste, em que boa parte dos criadouros de mosquito nas capitais foi encontrada em locais como poços e caixas d'água.
Segundo o ministro, a orientação para essas áreas é que os locais de armazenamento de água sejam vedados para impedir que eles se tornem criadouros do inseto. Já no Sudeste, quase metade dos criadouros está nas residências, em vasos, lajes, piscinas e plantas como a bromélia, que acumula água.
O Ministério da Saúde diz que continuará com campanhas de conscientização e manterá parceria com a Defesa para o combate ao mosquito e a assistência de doentes.


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