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Interrupção de energia cresce nos últimos 5 anos
Levantamento mostra que 60% dos usuários têm mais corte de energia em relação a 2004
Entre as concessionárias que tiveram mais interrupções estão a Light, a Eletropaulo, a CPFL e a Cemig; empresas culpam quedas de árvores
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Cerca de 60% dos brasileiros
atendidos pelas 20 maiores
concessionárias do país são
obrigados a ficar mais tempo
sem luz em relação a cinco anos
atrás. Entre as empresas que
elevaram seu tempo de apagão
estão as paulistas Eletropaulo,
Bandeirante e CPFL, a carioca
Light e a mineira Cemig.
Levantamento da Folha a
partir de dados da Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica) mostra que pelo menos dez delas tiveram piora no
indicador que mostra quanto
tempo seus clientes ficam no
escuro por ano, o chamado
DEC (Duração Equivalente de
Interrupção por Consumidor).
As 20 empresas atendem 53
milhões de clientes (64% do
mercado) -as dez com piora
no índice atendem 32 milhões.
Maior concessionária em SP,
com 5,8 milhões de clientes, a
Eletropaulo viu seu indicador
subir de 8 horas sem luz por
ano, em 2004, para 11, nos 12
meses fechados em setembro.
Empresa que impôs 23 horas
de apagão na região mais rica
do Rio entre segunda-feira e
ontem, a Light teve a interrupção aumentada de oito para nove horas. O indicador da Cemig
-maior concessionária do país,
com 6,5 milhões de clientes-
subiu de 11 para 14 horas.
O DEC é um dos indicadores
avaliados pela Aneel ao fazer a
revisão tarifária, a cada quatro
anos. Além disso, empresas
com piora relevante são multadas -a Aneel não informou
quantas multou.
Para o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico
da UFRJ, Nivalde de Castro, a
queda no DEC indica que as
penas são brandas. Ele vê outra
razão mais grave. "Se há mais
blecautes, com certeza investiram menos que o necessário."
O diretor de operações da
Eletropaulo, Roberto Di Nardo, diz que a empresa tem enfrentado mais quedas de árvores atualmente. Além disso, os
engarrafamentos têm dificultado a chegada das equipes.
A Cemig também culpou a
maior queda de árvores. A
Coelba diz que o DEC tem influência de fatores alheios à
empresa, como dispersão dos
consumidores e infraestrutura
viária. A Light não comentou.
Lobão
Em evento nos Estados Unidos, o ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão, afirmou que irá ao Congresso prestar esclarecimentos sobre o
apagão que atingiu 18 Estados
-a data está indefinida. Ele disse que até agora tem a convicção de que o apagão foi causado
por fatores climáticos.
Colaborou JANAINA LAGE , de Nova York
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