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RIO SOB ATAQUE
Traficantes põem fogo em van com 14 pessoas; 4 ficam feridas
"Entramos em pânico e saímos correndo", afirma o motorista de 68 anos
Onda de ataques causa medo em moradores das regiões atingidas; comércio fica aberto, mas circulação diminui
FABIA PRATES
FELIPE CARUSO
DO RIO
Por volta das 6h30 de ontem João Guilherme Seixas
de Souza, 68, viveu a pior experiência em 12 anos de trabalho como motorista de van
na zona oeste do Rio.
Dois homens entraram no
veículo e anunciaram um assalto. Em vez de roubar o dinheiro dos passageiros, espalharam gasolina e atearam
fogo no veículo, sem ordenar
que seus 14 ocupantes saíssem -além de Souza e da cobradora Eliane Cardoso, 39,
havia 12 passageiros. Quatro
tiveram ferimentos leves.
Para fugir das chamas,
Souza abriu a porta e quase
morreu atropelado ao correr
pela estrada Urucânia. Ele
sofreu queimaduras nos tornozelos e nos braços. "Todos
os passageiros ficaram em
pânico. Saímos correndo
com medo de morrer."
Souza ajudou a colega
Eliane a escapar do carro em
chamas. Ao sair, ela ficou
caída na pista ao lado do veículo, com os pés queimados.
"Tive que arrastá-la." Apesar
do susto, ele não pensa em
abandonar o trabalho.
CLIMA DE MEDO
A onda de ataques que
acontecem no Rio desde o
fim de semana criou um clima de medo na cidade, principalmente nas regiões onde
os incêndios ocorreram.
O comércio continuou
aberto, mas a circulação de
pessoas era menor do que em
dias normais nas ruas de
Santa Cruz e Paciência.
Vizinhos na zona oeste, os
dois bairros foram palco, ontem de manhã, de dois ataques -com saldo de quatro
pessoas feridas e dois veículos, a van e um ônibus, destruídos pelo fogo.
Houve redução do número
de veículos que fazem o
transporte alternativo entre
Campo Grande e Urucânia,
trajeto de 13 km no qual ocorreu o ataque à van dirigida
por Souza. Segundo Leandro
da Silva, 30, dono do veículo,
a cooperativa tirou todos os
seus 13 carros tirou circulação com medo de ataques.
O carro sofreu perda total e
Silva não sabe se o seguro cobrirá o prejuízo. Ele, que tem
duas vans, vai processar o
Estado. "Logo agora que a
gente esperava aumento do
movimento por causa do Natal." Cada veículo rende por
dia cerca de R$ 300.
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