São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2010

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RIO SOB ATAQUE

Traficantes põem fogo em van com 14 pessoas; 4 ficam feridas

"Entramos em pânico e saímos correndo", afirma o motorista de 68 anos

Onda de ataques causa medo em moradores das regiões atingidas; comércio fica aberto, mas circulação diminui

FABIA PRATES
FELIPE CARUSO
DO RIO

Por volta das 6h30 de ontem João Guilherme Seixas de Souza, 68, viveu a pior experiência em 12 anos de trabalho como motorista de van na zona oeste do Rio.
Dois homens entraram no veículo e anunciaram um assalto. Em vez de roubar o dinheiro dos passageiros, espalharam gasolina e atearam fogo no veículo, sem ordenar que seus 14 ocupantes saíssem -além de Souza e da cobradora Eliane Cardoso, 39, havia 12 passageiros. Quatro tiveram ferimentos leves.
Para fugir das chamas, Souza abriu a porta e quase morreu atropelado ao correr pela estrada Urucânia. Ele sofreu queimaduras nos tornozelos e nos braços. "Todos os passageiros ficaram em pânico. Saímos correndo com medo de morrer."
Souza ajudou a colega Eliane a escapar do carro em chamas. Ao sair, ela ficou caída na pista ao lado do veículo, com os pés queimados. "Tive que arrastá-la." Apesar do susto, ele não pensa em abandonar o trabalho.

CLIMA DE MEDO
A onda de ataques que acontecem no Rio desde o fim de semana criou um clima de medo na cidade, principalmente nas regiões onde os incêndios ocorreram.
O comércio continuou aberto, mas a circulação de pessoas era menor do que em dias normais nas ruas de Santa Cruz e Paciência.
Vizinhos na zona oeste, os dois bairros foram palco, ontem de manhã, de dois ataques -com saldo de quatro pessoas feridas e dois veículos, a van e um ônibus, destruídos pelo fogo.
Houve redução do número de veículos que fazem o transporte alternativo entre Campo Grande e Urucânia, trajeto de 13 km no qual ocorreu o ataque à van dirigida por Souza. Segundo Leandro da Silva, 30, dono do veículo, a cooperativa tirou todos os seus 13 carros tirou circulação com medo de ataques.
O carro sofreu perda total e Silva não sabe se o seguro cobrirá o prejuízo. Ele, que tem duas vans, vai processar o Estado. "Logo agora que a gente esperava aumento do movimento por causa do Natal." Cada veículo rende por dia cerca de R$ 300.


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