São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 2000

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Projeto é mantido só por empresas



DA REPORTAGEM LOCAL

Há seis anos, a psicopedagoga Dagmar Garroux fundou a "Casa do Zezinho", uma instituição que trabalha com crianças e adolescentes de baixa renda e em situação de risco social no Parque Santo Antônio (zona sul de SP).
Com despesa mensal de R$ 66 mil, a Casa do Zezinho não recebe um real do poder público.
São 15 empresas, chamadas de parceiras, que dão suporte ao programa de reforço escolar e às oficinas de formação profissional.
O trabalho voluntário tem ajudado crianças que viviam em situações que colocavam em risco sua integridade física e psicológica. Há dois anos, por exemplo, a Casa recebeu uma menina de 12 anos, que havia fugido de casa e vivia com um homem bem mais velho, para quem traficava armas.
Pega pela polícia, ela não pôde ser encaminhada à Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) devido à pouca idade, e a Justiça a recomendou para a instituição. "Hoje ela tem 14 anos e está quase recuperada. É uma criança complicada, mas já tem problemas naturais da adolescência", conta Corina Macedo, gerente-administrativa do programa.
Outra, de 13 anos, estava se prostituindo por R$ 5 e também rejeitava a família. Após frequentar a Casa, foi encaminhada para um estágio em uma fábrica, por não ter idade para trabalhar, e voltou a viver com a família.
Quando o projeto foi criado, atendia poucas crianças. Hoje já são 300 e até o final do próximo ano devem ser 600.

Auto-sustentável
As oficinas de formação de mão-de-obra da Casa já se sustentam. Há padaria, oficinas de reciclagem, arte, informática, cabeleireiro, estúdio de som, modelagem e corte e costura.
Algumas empresas, como a Xerox e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), cobrem despesas específicas, como as oficinas de arte e o equipamento da sede.
Outras fornecem a verba mensal para alimentos, medicamentos, pagamento de funcionários e despesas como luz e telefone.
Em 2001, uma parceria com a Promom Engenharia vai criar um programa de lazer e cultura para as famílias das crianças.
Para ser atendido na Casa do Zezinho, é preciso ter entre 7 anos e 16 anos, estar matriculado na rede oficial de ensino e ser de uma família cuja renda não ultrapasse quatro salários mínimos.
Além do reforço escolar, a criança tem atendimento médico e odontológico com voluntários, acompanhamento psicológico e refeições diárias. (FLÁVIA DE LEON)


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