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VESTIBULAR
Entrada desses alunos em faculdades federais e estaduais é igual há 11 anos
Escola pública tem "cota" de 34%
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A entrada nas universidades públicas brasileiras dos estudantes
oriundos das escolas municipais,
estaduais e federais continua praticamente inalterada desde o início da década de 90. Passados 11
vestibulares, o percentual de ingresso desses estudantes continua
próximo dos 33,8%, em média.
Esse levantamento foi feito pela
Agência Folha em oito universidades -sete delas federais e uma
estadual, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Ao todo, foram 21 universidades consultadas, mas apenas sete enviaram os dados; destas, somente
três informaram os números referentes ao vestibular de 1990.
Naquele ano, a média de ingresso dos alunos das escolas públicas
na Unicamp, UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e
UFPB (Universidade Federal da
Paraíba) foi de 33,4%, o mesmo
percentual de 2000.
Isoladamente, o percentual de
ingresso na Unicamp foi de 33%
nos dois vestibulares. Nas duas federais houve variação para cima e
para baixo: na UFMG foi registrado um crescimento de seis pontos
percentuais (passou de 32,4%, em
90, para 38,4%, em 2000) e na
UFPB houve uma diminuição de
5,4 pontos (de 34%, em 90, para
28,6%, em 2000).
Considerando que em 11 anos
as universidades públicas aumentaram o número de vagas ofertadas, conclui-se que as escolas públicas têm, pelo menos, acompanhado essa evolução e mantido o
índice de aproveitamento de
33,8% nos vestibulares.
Na UFMG, por exemplo, ingressaram 1.606 estudantes de escolas
públicas no vestibular de 2000,
contra 1.059 em 1990, o que significou um aumento de 51,7%.
Nesse mesmo período, o ingresso dos alunos das escolas particulares cresceu 15%, enquanto o número de vagas oferecidas passou
de 3.268 para 4.177, um crescimento de 27,81%.
De acordo com o pró-reitor de
Graduação da UFMG, José Nagib
Árabe, mesmo chegando ao final
da década com uma aprovação
maior dos "alunos públicos" nos
vestibulares realizados pela instituição, o ritmo de crescimento
ainda é "muito lento".
Ele utiliza como comparação o
fato de haver em Minas Gerais
muito mais alunos cursando o segundo grau na rede pública do
que na rede privada. Segundo a
Secretaria de Estado da Educação,
o número de alunos matriculados
nas escolas públicas de segundo
grau (federal, estadual e municipal) é de 887,2 mil, contra 105,7
mil na rede privada.
Essa supremacia, no entanto,
não reflete sequer nas inscrições
para os vestibulares. Apesar de
88% dos secundaristas em Minas
serem da rede pública, somente
no vestibular 2000 eles foram
maioria entre os 77,7 mil inscritos
na UFMG (52%). No início da década, os "alunos públicos" eram
39% dos inscritos.
A baixa aprovação nos vestibulares dos alunos da rede pública,
especialmente os da rede estadual
e municipal, está diretamente ligada à qualidade de ensino. Mas
há outros fatores, como a pouca
oferta de cursos noturnos, o que
afasta o estudante da rede pública
-que geralmente trabalha de dia.
"Se quiser aumentar a inclusão,
tem que se abrir cursos noturnos", disse o pró-reitor da UFMG.
Neidson Rodrigues, especialista
em política educacional e membro da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, considera que o Enem
(Exame Nacional do Ensino Médio) pode dar mais chances para
as escolas públicas.
Isso porque, segundo ele, o
Enem, caso venha a ser aproveitado pelas universidades, vai provocar mudanças no processo seletivo, na medida em que será valorizada, mais do que o conhecimento, a competência.
"Os conhecimentos em ação é
que até hoje não foram valorizados no ensino médio. No vestibular, você faz a opção entre as questões corretas e as incorretas, que
exige um longo processo de memorização. O Enem está tentando
jogar com o distanciamento, a capacidade de crítica e a capacidade
de expressão", disse.
Algumas universidades já admitem o Enem no processo seletivo. É o caso da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), em
Minas. Os candidatos que fizeram
o Enem estão dispensados de se
submeter às provas de conhecimentos gerais no vestibular de
2001 da universidade. Se quiserem, podem fazer o exame e comparar as notas. Vale a mais alta.
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