São Paulo, segunda, 26 de janeiro de 1998.



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VERÃO 2
Segunda pista, prevista desde 1968 e que deve ser concluída em 2004, só vai resolver o problema por três anos
Engenheiro defende rodovia para o litoral sul

da Reportagem Local

O engenheiro Ion de Freitas, 75, um dos maiores especialistas em estradas no país, presidiu a comissão de estudos da Imigrantes em 1968 e deveria estar feliz com a construção da segunda pista, prevista para começar até o final do ano. Mas não está.
"É a conclusão de um projeto da década de 60. Precisaria de um reestudo para pensar todas as ligações com o litoral", sugere Freitas, assessor da presidência da Dersa.
Projeção de Freitas mostra que a nova pista estará congestionada em 2007, três anos depois de ficar pronta. Terá 50 horas de congestionamento por ano. Ou seja, nos picos a velocidade dos carros será de 20, 30 km por hora.
Em 1968, ano em que a Imigrantes foi projetada, Mongaguá (litoral sul) tinha aldeia de índios e cerca de 5.000 habitantes. Hoje, esse número foi multiplicado por 5,4 -são 27 mil moradores. Itanhaém saltou de 14.515 em 1970 para 58.017 em 1996.
Não havia ocupação de turistas no litoral sul nos anos 60, e mesmo assim havia, no projeto original, uma ligação com Mongaguá que nunca chegou a ser construída.
Hoje, 55% dos carros que passam pelo sistema vão para o litoral sul, segundo Mario Fiamenghi Filho, diretor de operações da Dersa.
"É óbvio que precisaria ser construída uma estrada para o litoral sul", afirma Freitas.
A Secretaria dos Transportes e a Dersa não têm nenhum projeto nesse sentido. A única proposta existente de construção de uma estrada para o litoral sul partiu do deputado Erasmo Dias (PPB-SP).
A estrada, aprovada pela Assembléia Legislativa, ligaria a região de Parelheiros, na zona sul de SP, a Itanhaém. O projeto enfrenta oposição de ecologistas por cortar uma área de mananciais e uma região intocada da serra do Mar.
Estrada de ferro
A prefeitura de Santo André tem um projeto de um "porto seco", ligado ao porto de Santos por trem. As cargas iriam até Santo André e desceriam a serra de trem.
A intenção é retirar os caminhões da estrada que liga a Grande São Paulo ao litoral.
O atual presidente da Dersa, Antonio Jamil Cury, e o ex-presidente Luiz Bottura também defendem o trem como solução.
"Enquanto não houver um sistema de transporte de massa para o litoral, não haverá viagem confortável", diz Bottura. As vias férreas existem e estão ociosas.
O trem é uma ilusão, segundo Ion de Freitas. No pico do sistema, os caminhões representam 2% do volume de veículos.
Outro empecilho é a sazonalidade: nenhum empreendedor investiria num sistema que é utilizado só no verão, nos fins-de-semana, e não tem o conforto propiciado pelo carro. (MCC)




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