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Segundo a PM, o show no cruzamento das avenidas Ipiranga e São João teve platéia de 35 mil pessoas
Apresentação durou mais de duas horas; o ministro da Cultura, Gilberto Gil, também cantou no palco
Solução para o Brasil é SP feliz, diz Caetano
DA REPORTAGEM LOCAL
"O nome da solução do problema Brasil é São Paulo feliz", afirmou Caetano Veloso à multidão.
O cantor levou a diversidade da
MPB -com menções a vários
compositores nacionais- ao
show em homenagem aos 450
anos de São Paulo na madrugada
de ontem, no cruzamento das
avenidas Ipiranga e São João.
Além de cantar com nomes conhecidos da música popular brasileira, como Jair Rodrigues, Jair
Oliveira e Nando Reis, Caetano levou ao palco um representante do
movimento hip hop, Rappin"
Hood, e fez homenagens a Tom
Jobim (que nasceu no dia 25 de janeiro) e a Chico Buarque.
Um músico desconhecido da
maioria despertou a atenção
quando, convidado por Jair Rodrigues e Jair Oliveira, com quem
já gravou, recitou seu poema "São
Paulo, Fim do Dia". O autor, José
Domingos, 72, "nascido em Minas, mas adotado por São Paulo",
que também já gravou com Hebe
Camargo e Noite Ilustrada, entre
outros símbolos paulistanos, era
um dos mais emocionados.
O grande improviso da noite foi
do ministro da Cultura, Gilberto
Gil, que não estava na programação oficial e cantou "Desde que o
Samba é Samba". Gil, de terno,
voltou no fim, quando todos os
convidados subiram ao palco, tocando violão em "Sampa", a canção mais esperada e repetida.
Meia hora antes do show, um
clipe com a versão de "Sampa" de
João Gilberto entrou no telão,
mas foi cortado no meio. Um
pouco depois da 0h, Caetano cantou só a primeira parte da música,
sem acompanhamento.
Além de "Sampa", os artistas
cantaram juntos "Lampião de
Gás", sucesso de Inezita Barroso,
e "São, São Paulo, Meu Amor", de
Tom Zé.
Devido a problemas no som,
muitos ouviam apenas a voz de
Caetano, cujo microfone melhorou no decorrer da apresentação.
A platéia não desanimou e só começou a ir embora depois da
1h15, quando a festa acabou -e a
garoa, que havia começado minutos antes do show, também.
Ao sair, Caetano ainda disse aos
jornalistas que errou "300 vezes"
no show, mas afirmou estar satisfeito com a recepção do público a
uma festa "despojada, mas de um
conteúdo muito grande".
No total, foram mais de 20 músicas, em mais de duas horas de
apresentação.
Segundo a Polícia Militar, a
apresentação reuniu 35 mil pessoas -a organização do evento,
liderada pela prefeitura, fala em
70 mil. Não houve nenhuma
ocorrência considerada grave.
"A cidade merece"
Terno preto, camisa branca,
gravata vermelha e chapéu-coco.
Foi assim, vestido com as cores da
bandeira do Estado de São Paulo,
que o vendedor de mel Alberto
Mandela, 62, assistiu ao show liderado por Caetano Veloso. "Vim
assim porque essa cidade merece
todo o respeito. Acolhe todo
mundo e dá oportunidades para a
gente melhorar de vida. A festa foi
muito linda, uma confraternização", disse o mineiro, que chegou
há vinte anos na cidade e hoje mora na zona norte.
Assim como Mandela, o gerente
de marketing Sergio Kattwinkel é
outro mineiro que se diz paulistano de coração. "Essa comemoração está muito emotiva, resgata o
orgulho de morar em São Paulo."
A piauiense Maria Delzuita, 53,
chegou a chorar quando Caetano
cantou "Você Não me Ensinou a
te Esquecer". "Chorei, gritei, estou rouca. Essa música é linda. Dá
uma saudade não sei de quê."
Moradora de Santo André, Maria Delzuita chegou às 22h no local e ia esperar até as 4h para voltar para casa de trem. Mas tanto
ela quanto a filha, Amanda, 17,
acharam que o esforço havia valido a pena. "Acho muito legal os
pais virem com os filhos."
O padre paulistano Paulo Sérgio
Bezerra, 49, também aprovou a
mistura de ritmos. "Não gostei
muito da parte do hip-hop, mas
tudo bem", disse.
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