São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

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Governo Serra suspende obras do Rodoanel

Trabalhos foram paralisados no início do mês no único canteiro de obras, dos cinco previstos, em andamento no trecho sul

Segundo secretário, motivos são a retenção de todos os investimentos do Estado e a indefinição do modelo de concessão

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

MOACYR LOPES JÚNIOR
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO

O governo José Serra (PSDB) suspendeu as obras do trecho sul do Rodoanel, maior obra rodoviária em curso no país e orçada em R$ 3,5 bilhões.
Criada para afastar os caminhões pesados da cidade de São Paulo, a obra é considerada prioritária tanto pelo Estado quanto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a incluiu no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), anunciado nesta semana. Dos 170 quilômetros previstos, 32 quilômetros (trecho oeste) estão prontos.
A construção do novo trecho do Rodoanel foi iniciada em setembro do ano passado pelo então governador do Estado, Cláudio Lembo (PFL).
Mas, dos cinco canteiros de obra previstos, somente um estava sendo conduzido, devido ao contingenciamento dos investimentos feito pelo Estado no segundo semestre. No início deste mês, a obra parou.
De acordo com o secretário de Estado dos Transportes, Mauro Arce, a paralisação tem dois motivos: a retenção de todos os investimentos do Estado, previstos em R$ 315 milhões para janeiro -uma das primeiras medidas do governo Serra-, e a indefinição do modelo de privatização do Rodoanel.
Os investimentos ficarão congelados até que os secretários de Estado Mauro Ricardo Costa (Fazenda) e Francisco Vidal Luna (Planejamento) façam uma revisão das prioridades do governo.
Além disso, a Assembléia Legislativa ainda não aprovou o Orçamento para 2007. Até a aprovação, o governo só poderá gastar, por mês, 1/12 avos da receita prevista.
""Nossa primeira prioridade é o Rodoanel. A idéia é que até março, resolvidas as questões do modelo de concessão e do Orçamento, tenhamos uma definição e a obra possa ser reiniciada", afirmou Arce.
A Secretaria dos Transportes tem duas opções para continuar o Rodoanel. Na primeira delas, o governo mantém os contratos atuais, já assinados, e banca a obra com o dinheiro repassado pela empresa que assumir a concessão. Na segunda, os contratos serão anulados e o governo determina à concessionária que toque a obra com recursos próprios.
""O mais simples seria cancelar os contratos e fazer a concessão. Aí, a concessionária poderá contratar a obra novamente. Mas não há nada definido, ainda estamos avaliando", disse o secretário.
Caso fosse cumprido o cronograma original, os 170 quilômetros do Rodoanel estariam concluídos há dois anos, em 2005, interligando as dez principais rodovias que chegam à região metropolitana de São Paulo.
O projeto foi lançado em 1997 como uma parceria entre Estado, União e a Prefeitura de São Paulo, que, porém, não vem aplicando dinheiro na obra.
Por questões ambientais, o trecho sul só obteve o licenciamento em agosto do ano passado. Dias depois, a obra era iniciada por Lembo. Em janeiro de 2003, o então secretário dos Transportes, Dario Rais Lopes, disse à Folha que considerava viável concluir o trecho sul no ano passado. Agora, fala-se em terminar a obra em 2010.


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