São Paulo, sábado, 26 de janeiro de 2008

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Professor e dois policiais foram feridos a faca na Sé

Preso e indiciado por tentativa de homicídio, agressor aparentava embriaguez

Aos gritos de "Mata eu, São Paulo! Eu não quero morrer de fome!", o homem sacou uma faca de cozinha e avançou em direção ao altar

Bruno Miranda/Folha Imagem
Homem com faca de cozinha é preso em missa na catedral da Sé, após ferir 3 pessoas; prefeito e dois ministros estavam no local

RICARDO SANGIOVANNI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Três pessoas foram levemente feridas a facadas por um morador de rua no interior da Catedral da Sé durante a missa pelo 454º aniversário de São Paulo, ontem de manhã, que era acompanhada por autoridades, incluindo o prefeito Gilberto Kassab (DEM) e ministros. Havia 2.000 pessoas na Sé.
A cerca de dois metros do agressor, que portava uma faca de cozinha com 30 cm e foi preso em flagrante, estavam sentados o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, e o senador Eduardo Suplicy (PT).
No mesmo setor de cadeiras, próximo ao altar, ainda se acomodavam Kassab, os ministros Carlos Lupi (Trabalho) e Luiz Marinho (Previdência) e secretários municipais de São Paulo.
O autor do ataque foi Benedito de Oliveira, 45, que é conhecido por colegas de praça da Sé como "Benedito do Pagode". O acusado assistia à celebração segurando um cavaquinho.
Oliveira, com diversas passagens pela polícia por roubos e furtos, foi indiciado por tentativa de homicídio. Três horas após ser preso, ainda aparentando embriaguez, ele negou a jornalistas ter dado as facadas.
O crime ocorreu durante a homilia do cardeal d. Odilo Scherer. D. Odilo chegou a suspender a homilia, em que tratou da história de São Paulo, por alguns segundos. Na confusão, o cardeal pediu calma.
Aos gritos de "Mata eu, São Paulo! Eu não quero morrer de fome!", Oliveira pegou a faca e foi em direção ao altar.
Poucos metros à frente estava o professor Ivan Bezerra dos Santos, 29, da Pastoral do Menor, que se preparava para fazer uma das orações. Ele levou dois cortes na mão direita ao tentar se defender do ataque.
"Ele [Oliveira] iria acertar minha barriga [sofreu um leve arranhão]. Eu já tinha percebido que ele estava perturbado, resmungava a toda hora", disse.
Também ficaram feridos dois PMs, entre eles, o capitão Mauro Ricciarelli, que ajudavam a conter o agressor. Logo em seguida, Oliveira foi imobilizado por sete pessoas, entre seguranças da igreja e policiais.

Segurança
Após a missa, d. Odilo disse que o caso foi "lamentável". "Mas é preciso que a gente não atribua um peso demasiado a esse incidente. É claro que requer que tenhamos maior atenção à segurança na igreja quando há autoridades."
A polícia descarta a possibilidade de que Oliveira tenha entrado na igreja com o objetivo de atingir alguma autoridade. O delegado Aldo Galeano Júnior, diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), disse que Oliveira estava embriagado. "O laudo só sai na segunda-feira, mas isso fica evidente, pelo comportamento do preso", disse.
O coronel Álvaro Camilo, comandante do policiamento do centro, avaliou que não houve falha na segurança interna nem externa durante a missa. Havia 60 PMs no entorno da catedral.
"A segurança da basílica foi adequada, tão eficiente que imobilizou rapidamente o agressor", disse o coronel.
A Arquidiocese de São Paulo também não avalia que tenha havido falha na segurança, segundo seu porta-voz, padre Juarez de Castro.


Colaborou CATIA SEABRA da Reportagem Local


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