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Polícia apura furto e corte de cabos elétricos no InCor
Engenheiros do hospital dizem que problemas na fiação poderiam ter causado incêndio; direção fala em sabotagem
Instituição fez denúncia dois dias antes de incêndio no Hospital das Clínicas, estrutura da qual o InCor faz parte; ninguém foi preso
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia investiga uma denúncia feita pelo InCor (Instituto do Coração) de que uma
parte dos cabos que distribuem
energia elétrica pelo hospital
foi furtada e de que outra parte
foi simplesmente cortada. Os
fios desencapados e soltos poderiam ter provocado um incêndio no prédio, segundo engenheiros do InCor.
Os furtos, de acordo com a
denúncia levada à polícia, ocorreram entre os dias 14 e 19 deste mês, na semana anterior ao
fogo que na quarta-feira passada atingiu uma sala do Hospital
das Clínicas.
Suspeita-se, entre outras hipóteses, que o incêndio teve
origem elétrica. Para o governador de São Paulo, José Serra
(PSDB), o fogo pode ter sido
"provocado". No dia 24 de dezembro, outro incêndio havia
atingido o HC.
O InCor é o maior centro de
cardiologia da América Latina e
faz parte da estrutura do Hospital das Clínicas, que é estadual. Realiza em média 20 cirurgias a cada dia. Atende a pacientes do sistema público
(82%), de planos de saúde
(15%) e particulares (3%).
Sabotagem
"Já sabemos que houve furto
de cabos. Agora precisamos saber se também houve sabotagem", disse David Uip, diretor-executivo do InCor.
"A minha hipótese pessoal é
a de sabotagem, já que alguns
fios foram encontrados simplesmente cortados, não foram
levados", afirmou.
Questionado se haveria alguma relação entre o incêndio no
HC e o furto dos fios no InCor,
Uip respondeu: "Não sei dizer
se há relação, mas estamos todos atentos a essa enorme coincidência".
"Alguém de dentro"
O diretor diz acreditar que o
crime foi cometido por "alguém de dentro do InCor", já
que os cabos ficam em lugares
trancados com chave. Ele não
apontou nenhum nome.
O problema foi descoberto
no fim de semana passado,
quando computadores e camas
elétricas (que se reclinam sem a
necessidade de manivelas)
queimaram ao mesmo tempo.
Foram atingidos o quarto, o
quinto e o sexto andar do bloco
um, uma área que recentemente passou por reformas.
Segundo o InCor, nenhum
paciente foi afetado e os fios danificados foram substituídos
imediatamente.
O caso é investigado pelo 14º
DP (Pinheiros). Segundo o boletim de ocorrência, feito na segunda passada com base na denúncia de um administrador do
InCor, os danos ao sistema elétrico representaram "riscos patrimoniais, estruturais e de vidas". Ninguém foi preso.
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