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Escolas com e sem verba têm nota parecida
Pesquisadores dizem que apenas o aumento da jornada escolar e do número de professores com ensino superior melhoram ensino
Não haverá avanços se apenas aumentarmos os recursos para equipamentos e salários dos professores, afirma pesquisador
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Estudo da faculdade Ibmec
São Paulo indica que o simples
aumento nos gastos com a educação não basta para melhorar
a qualidade de ensino.
A pesquisa cruzou o gasto por
estudante do ensino fundamental, segundo dados do Tesouro Nacional, com o desempenho das redes municipais na
Prova Brasil (exame federal).
A conclusão foi que os municípios que mais investiram não
necessariamente tiveram médias melhores na prova. "Fica
claro que, para que se obtenha
melhoras no desempenho escolar, não basta um aumento de
recursos", diz o trabalho.
Uma das formas utilizadas
pelos pesquisadores do Ibmec
para a análise foi separar os
municípios de cada Estado em
duas metades: o grupo dos que
mais gastam por estudante e
dos que menos gastam.
Em São Paulo, por exemplo, a
média de investimento anual
por aluno no primeiro grupo de
cidades foi de R$ 2.018, ante R$
1.080 do segundo bloco.
Apesar da diferença de quase
90% no investimento, as médias na Prova Brasil entre os
dois grupos ficaram praticamente iguais -193,1 ante 191,8
(em matemática, na quarta série, na edição 2005 do exame).
No Amazonas e em Goiás, os
municípios que menos gastam
chegaram a ter médias no exame federal levemente maiores
que os que mais investem.
O estudo também comparou
os dados do país como um todo,
mas com controle estatístico
para que fosse analisado apenas o impacto do aumento dos
recursos (excluindo-se fatores
como a escolaridade dos pais
dos alunos, que sofrem grandes
variações entre os Estados).
Nesse recorte também não se
verificou relação entre mais
verbas e melhores notas.
Especialistas consultados
pela reportagem discordaram
da avaliação. Eles defendem
que o estudo não capta ações
essenciais, que só podem ser
feitas com aumento de verbas,
como aumento salarial para
atrair os jovens mais bem preparados para o magistério.
Jornada escolar
"Os resultados mostram que
não adianta colocar mais dinheiro em educação em um sistema como o atual", afirmou
Naércio Menezes Filho, autor
do trabalho, juntamente com
Luiz Felipe Leite Estanislau do
Amaral -ambos também pesquisadores da USP.
"Não haverá melhora na
aprendizagem se simplesmente aumentarmos os recursos
para coisas como compra de
computadores, construção de
quadras e salários dos professores, como vem ocorrendo. São
ações que não têm trazido impacto na aprendizagem", afirmou Menezes Filho.
Segundo a pesquisa, apenas
aumento da jornada diária dos
estudantes e maior número de
professores com ensino superior completo causaram impacto positivo no rendimento dos
estudantes.
O aumento de recursos para
a educação é controverso. Enquanto alguns pesquisadores
defendem que o principal para
melhorar a aprendizagem dos
alunos é aperfeiçoar a gestão do
dinheiro disponível, outros dizem ser impossível mudar a situação com o montante atual.
O próprio Ministério da Educação defende ser necessário
aumentar a verba para a educação, considerando o "atraso"
que o país sofre na questão da
qualidade de ensino.
O movimento Todos pela
Educação (que reúne empresários, educadores e gestores, entre outros segmentos) estipulou como uma das metas para o
país a elevação do percentual
do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação básica, de
3,7% (dado de 2006) para 5%.
Segundo o movimento, a meta se baseia nos gastos dos países desenvolvidos com a área.
"Atingindo, até 2010, patamar
mínimo de 5% do PIB e gerindo
de forma eficiente o investimento, objetivamos criar condições de atingir a cobertura e a
qualidade que desejamos", diz
o relatório do grupo.
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