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SANEAMENTO
Rio Guandu, que abastece 82% da região metropolitana do Rio, recebe cerca de 20 toneladas diárias de lixo
Lixão compromete qualidade da água no RJ
RONI LIMA
da Sucursal do Rio
Uma das principais fontes de poluição do rio Guandu -de onde é
retirada para tratamento a água
que abastece 82% da região metropolitana do Rio-, o lixão do município de Japeri (Baixada Fluminense) cresceu 275% nos últimos
quatro anos.
Às margens do rio Guandu, recebendo cerca de 20 toneladas diárias de lixo, inclusive hospitalar, o
lixão não foi até agora desativado
porque o governo passado não
destinou a verba, já aprovada, para que a Prefeitura de Japeri construísse uma usina de reciclagem e
aterro sanitário em outro local.
O novo governo também não
acena com uma solução para o
problema. Enquanto isso, o lixão
continua contribuindo para encarecer o sistema de tratamento de
água e para deteriorar a qualidade
de vida dos moradores.
Morando vizinha ao lixão, a menina V.L., 14, reclama do cheiro e
das moscas. Segundo ela, as crianças da região vivem resfriadas.
"No hospital, o médico falou
que era por causa do lixo", disse.
O lixão tem atualmente cerca de
15 mil m2. Em 96, tinha 4.000 m2.
Em vários pontos são encontrados
materiais hospitalares, como seringas e embalagens de soro. Segundo V.L., uma mulher já achou
até o corpo de um bebê dentro de
um saco de lixo hospitalar.
Com a decomposição do lixo, o
chorume (líquido resultante desse
processo) infiltra-se no solo, contaminando o lençol freático. Outra
parte do chorume escorre a céu
aberto, indo para o rio Guandu.
O coordenador da entidade ambientalista Os Verdes, Sérgio Ricardo de Lima, 31, reclama que,
com a adoção do sistema de caixa
único, o governo passado não liberou a maior parte dos recursos
da área ambiental.
Segundo a legislação estadual, os
recursos do Fecam (Fundo Estadual de Conservação Ambiental),
provenientes das multas ambientais e de 20% dos royalties do petróleo, devem ser aplicados em
projetos ambientais.
Mas, segundo Lima, dos cerca de
120 projetos aprovados em 98 pelo
Fecam, apenas uns 30 saíram do
papel. Dentre eles, ficou de fora o
projeto para a construção de uma
usina de reciclagem de lixo e aterro sanitário em Japeri.
Por enquanto, não há perspectivas de o atual governo resolver o
problema. O secretário de Meio
Ambiente, André Corrêa, disse
que está realizando uma auditagem de todos os projetos com recursos do Fecam já aprovados.
Segundo ele, não é possível ainda concluir se o problema do lixão
terá prioridade. Além disso, Corrêa diz que, por conta do ajuste financeiro do Estado, não é possível
ainda acabar com o sistema de caixa único, para destinar todos o recursos do Fecam para os projetos
ambientais.
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