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EDUCAÇÃO
Supostas irregularidades foram detectadas em auditoria; sindicância apurará envolvimento de funcionários do MEC
Governo investiga fraude em novos cursos
GABRIELA ATHIAS
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Educação investiga supostas fraudes ocorridas na aprovação de novos cursos
de instituições de ensino superior.
Uma sindicância foi aberta ontem
baseada em relatório preliminar
da Controladoria Geral da União.
Os auditores escolheram aleatoriamente 92 processos dos 434
aprovados em dezembro passado. Encontraram "irregularidades na tramitação" ou "fraudes"
em 37 cursos. Em todos os outros
havia problemas no trâmite, mas
que não foram considerados graves do ponto de vista legal.
O diretor de Auditoria de Programas da Área Social, Valdir
Agapito Teixeira, que assina o documento (chamado de nota técnica), recomenda o afastamento de
"todas as pessoas envolvidas nos
trâmites de credenciamento" ou a
criação de uma supervisão capaz
de assegurar a "inviolabilidade"
dos processos.
Todos os suspeitos de cometer
fraudes ou irregularidades ocupam ou já ocuparam cargo de
confiança no ministério. Quatro
foram mantidos nas funções pelo
novo governo. São eles: Susana
Regina Salum Rangel (Supervisão
de Ensino Superior), Cid Santos
Gesteira (Avaliação do Ensino Superior), Maria Inês Laranjeira
(formação de professores) e Elias
Seleme Dora (Legislação e Normas do Ensino Superior). Os que
deixaram o ministério são Ronaldo Mansur (ex-chefe de gabinete)
e Maria Aparecida Andrés Ribeiro (ex-diretora do Departamento
de Ensino Superior). Apesar de o
relatório citar o nome dos seis,
apenas dois foram diretamente
envolvidos em situações consideradas irregulares pela Controladoria: Gesteira e Salum Rangel.
O novo secretário de Ensino Superior, Carlos Antunes, informou
que a sindicância aberta ontem
irá apurar o envolvimento dos
funcionários. Segundo ele, a comissão terá 60 dias para apresentar resultados. Caso seja comprovado o envolvimento de algum
dos servidores, ele será afastado
imediatamente.
As fraudes cometidas no credenciamento dos cursos chegaram a ser feitas por meio de adulteração dos computadores que
controlam o processo, segundo
investigação da Controladoria.
Antunes informou que o sistema
de computador já está mais seguro. Além disso, foi criado um novo departamento para fiscalizar o
processo de credenciamento.
Exemplos
O relatório não detalhou as falhas nas 27 instituições de ensino
que tiveram problemas. Detalhou, como exemplo, as irregularidades ocorridas na autorização
para o funcionamento do curso
de ciências da computação de três
instituições de ensino: Instituto
Baiano de Ensino Superior, Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura
(MT) e Instituto de Ensino e Pesquisa Objetivo de Palmas (TO).
Todas as três instituições são
controladas pela Unip (Universidade Paulista) e ligadas ao Objetivo, do empresário João Carlos di
Gênio. Ele é próximo do senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), adversário político do chefe
da Controladoria Geral da União,
Waldir Pires.
Pareceres
O professor Murilo Silva de Camargo, da Universidade de Brasília, foi designado pelo ministério
para analisar a documentação
apresentada para a criação do
curso nessas instituições. Decidiu
pela não-aprovação. Apresentou
seis argumentos, entre eles o fato
de não haver nenhum professor-doutor. Disse ainda que o projeto
pedagógico do curso é "deficiente
e carece de melhorias para sua
implementação".
O ministério contratou outro
consultor. Dessa vez foi José Sidney Colombo Martini, da Escola
Politécnica da USP. Segundo o relatório, apesar de as instituições
não terem alterado a proposta inicial do curso, Martini deu parecer
favorável à sua criação.
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