São Paulo, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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Funcionários vão processar lotérica e a Caixa

Eles disseram também ter comprado as cotas de um bolão da Mega-Sena em Novo Hamburgo (RS) e reivindicam prêmio de R$ 53 mi

Funcionária da lotérica confirmou versão do patrão e disse ontem à polícia ter se esquecido de registrar no sistema da Caixa a aposta


GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NOVO HAMBURGO
GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA

Quatro funcionários da lotérica de Novo Hamburgo (RS), de onde saiu um bolão premiado da Mega-Sena, anunciaram ontem que processarão o estabelecimento e a Caixa Econômica Federal. Eles disseram ter comprado, juntos, uma das 40 cotas do bolão.
O grupo quer cobrar da lotérica e da Caixa os R$ 53 milhões do prêmio, disse Jacson Simon, advogado dos quatro -a Caixa se recusa a pagar a todos os premiados porque a aposta não foi registrada. Simon não soube dizer se os funcionários continuariam a trabalhar na lotérica.
Entre os funcionários está o gerente, Ederson da Silva. À Folha, na segunda, ele não disse ser um dos apostadores. Simon disse que um advogado orientou Silva a não declarar isso antes de falar com a polícia.
O advogado afirmou ser "comum" os empregados comprarem cotas de bolão que não foram vendidas. O grupo não falou à imprensa ontem.

Esquecimento
Também ontem, a atendente Diane Samar da Silva, 21, depôs durante três horas à polícia e disse ter se esquecido de registrar no sistema de controle da Caixa a aposta premiada. Ela confirmou a versão dada anteontem por José Paulo Abend, 49, dono do estabelecimento.
Anteontem, Abend atribuiu a uma "falha humana" o ocorrido. A polícia apura, no entanto, se houve estelionato.
Acompanhada de uma advogada, a atendente evitou falar com os jornalistas. De acordo com o delegado Clóvis da Silva, que chefia a investigação, ela contou que esse esquecimento ocorreu pela primeira vez.
Conforme o delegado, ela declarou que seu pai foi um dos compradores do bolão e que se deu conta do suposto engano quando foi informada, sábado, que o prêmio havia acumulado.
"Não vou detalhar se houve ou não contradições entre os depoimentos, mas continuamos investigando se houve estelionato", disse o delegado.
O advogado Cláudio Rodrigues Neto, que defende o dono da lotérica na esfera criminal, diz que pedirá o arquivamento do inquérito policial, já que as imagens do circuito interno do estabelecimento demonstram que não houve a pré-determinação de não registrar o jogo.

Desespero
"Ela [a funcionária] chega [à lotérica] desesperada, abre a gaveta, põe a mão na cabeça e chora. Fica claro que foi um erro humano, houve negligência, mas não estelionato."
Procurada, a Caixa não se pronunciou.


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