São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2011 |
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ANÁLISE Incertezas sobre o projeto poderão explodir prazos e custos
SERGIO EJZENBERG ESPECIAL PARA A FOLHA O monotrilho da zona leste terá que transportar mais de 40 mil pessoas simultaneamente no pico da manhã, segundo o estudo de impacto ambiental do projeto. Não resta dúvida de que na cidade de São Paulo, com o sistema de metrô mais lotado do mundo, o monotrilho suspenso já nasce saturado. Os sistemas elevados leves operam com capacidade de até 25 passageiros por hora por sentido. Assim, o monotrilho, para atingir a demanda prevista, será uma aventura tecnológica sem similar. As incertezas e contingências decorrentes poderão explodir prazos (obra interminável aos olhos da população) e custos (já custando metade do que custaria o metrô convencional enterrado). Para nascer saturado. Pensando em custo por passageiro transportado por quilômetro, o metrô, sistema testado e confiável, é imbatível perante altas demandas, como no caso presente. O sistema de corredores de ônibus expressos com ultrapassagem custa, por quilômetro, 1/13 do sistema monotrilho suspenso -sem aventura tecnológica. A metrópole paulistana está em contínuo processo de expansão da mancha urbana e aumento do número de viagens, exigindo flexibilidade dos sistemas de transporte. Os sistemas de ônibus e mesmo o metrô atendem plenamente ao requisito de flexibilidade, ao contrário do sistema VLT (veículo leve sobre trilhos), que tem capacidade e dificuldade de integração com outras linhas de VLT (as estruturas das estações de transferência suspensas seriam monstruosas). O impacto urbanístico deletério dos sistemas suspensos de transporte pode ser apreciado nos baixos do Expresso Tiradentes e do Minhocão. Os problemas e desvantagens dos sistemas suspensos de monotrilhos, aliados às vantagens de menor custo, menor tempo de implantação e maior capacidade dos corredores de ônibus, fez com que o Ministério das Cidades, nos projetos de mobilidade incluídos no chamado PAC da Copa, optasse por corredores exclusivos de ônibus em 9 das 12 cidades-sede do Mundial de 2014. Além disso, o VLT consome recursos que deveriam ser alocados prioritariamente na ampliação do superlotado sistema de metrô, que tem muito maior capacidade de transporte de passageiros. SERGIO EJZENBERG é engenheiro e mestre em transportes pela Escola Politécnica da USP Texto Anterior: Monotrilho da zona leste já começa saturado Próximo Texto: Rio Grande do Sul: Obesa impedida de sair pela porta da frente de ônibus é indenizada Índice | Comunicar Erros |
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