São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2011

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BICHOS

VIVIEN LANDO

Circo de pulgas no verão


Para cada dez delas encontradas no animal, existem cerca de 60 passeando pelo ambiente

ESTE VERÃO PAULISTANO parece ter exagerado no setor pragas. Outro dia, um senhor entrou indignado num pet shop à procura de inseticida antipulgas. Disse que já havia dedetizado o apartamento duas vezes e, como o cão tinha saído de férias, as pulgas estavam atacando sua família (elas dão preferência a seres com temperatura mais alta).
São Paulo, em sua tradicional pluralidade, abriga tantas pulgas, carrapatos, piolhos etc. quanto qualquer cidade do interior ou do litoral. Aqui tem de tudo. Há poucos dias, a Folha noticiou que uma série de insetos inéditos acaba de se inserir na população local. Entre eles, as mamangavas, coisa que pude comprovar, quando flagrei meus gatos bem satisfeitos correndo atrás do besourão peçonhento no meio da sala.
Ou seja, além dos lindos pássaros silvestres sem-floresta estarem a enfeitar os jardins da capital paulista, uma horda de imigrantes indesejáveis já se instalou. As pulgas, cuja população aparenta ter aumentado, são tortura pura para cães e gatos. Muitos são alérgicos à saliva que elas inoculam ao picar. Vários não toleram os produtos de proteção disponíveis no mercado.
Pior: para cada dez delas encontradas no animal, existem umas 60 passeando pelo ambiente onde ele vive. Alternam-se entre sugar o sangue do bicho e colocar ovos no piso -ou mesmo na grama do jardim, descobri recentemente! Sobretudo as chamadas pulgas de gato, que são menores e pretinhas, essas se adaptam e reproduzem uma enormidade em qualquer lugar. As pulgas de cachorro são um pouco maiores, mais lentas e marrons. Mais fáceis de eliminar. Mas ambas parasitam qualquer uma das espécies, sem contar ratos e outros hospedeiros.
Sei de gente que encheu a casa de sal para secar as larvas, imunes inclusive à desinsetização e capazes de permanecer hibernando por muito tempo. Outros optaram por cimentar o gramado, doar o pet, jogar creolina em todos os cantos, mudar de moradia. Enfim, um desespero.
Parece que o que dá um fim nelas, temporário e relativo, é a chegada do frio. Só então talvez tenhamos tranquilidade para lembrar que pulgas, carrapatos, mamangavas e percevejos também são bichos. E fazem absoluta questão de participar da cadeia alimentar.


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