São Paulo, segunda-feira, 26 de março de 2007

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Cresce rejeição ao governo de Kassab

Pesquisa Datafolha revela que 42% dos paulistanos consideram gestão ruim ou péssima; em julho de 2006, índice era de 33%

Após um ano de mandato, prefeito recebe nota média de 3,9; Serra, ao deixar a prefeitura, era desaprovado por 8% dos moradores

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cresceu a rejeição da população de São Paulo à gestão do prefeito Gilberto Kassab (PFL), que completa um ano de mandato no próximo sábado, segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 19 e 20.
Entre a pesquisa anterior, em julho de 2006, e agora, o índice de paulistanos que julgam ruim ou péssimo o governo Kassab passou de 33% para 42%, uma variação de nove pontos percentuais. A margem de erro da pesquisa, que ouviu 1.092 pessoas com mais de 16 anos em São Paulo, é de três pontos, para mais ou para menos.
Já a aprovação ao prefeito oscilou dentro da margem de erro: passou de 16% para 15% o percentual de paulistanos que acham a gestão boa ou ótima.
Os paulistanos deram nota média de 3,9 para Kassab. Para 20%, o prefeito merece nota 0. Apenas 2% deram nota 10.
A rejeição e a aprovação a Kassab são idênticas às de Celso Pitta (1997-2000), após um ano de gestão. Mas ele deixou o cargo com 81% de rejeição. José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT) tinham índices bem melhores após um ano no cargo. Marta, ao final de 2001, era aprovada por 28% e rejeição por 34% dos paulistanos. Serra tinha 41% de ótimo ou bom e 23% de ruim ou péssimo em dezembro de 2005.
Consideram Kassab regular 36% dos entrevistados; 7% não souberam avaliar sua gestão.
Em julho, 12% não souberam avaliar o prefeito. Em maio, com menos de dois meses de gestão, o índice era de 26%. Isso mostra que Kassab ficou mais conhecido ao mesmo tempo em que cresceu a rejeição.
O crescimento da avaliação negativa de seu mandato ocorre no período em que Kassab se esforçou por ser mais conhecido e, ao mesmo tempo, melhorar sua imagem e tornar viável sua reeleição em 2008.
A pesquisa aponta que ele não tem sido bem sucedido nesse esforço. "Com essa avaliação negativa, a candidatura dele é inviável", diz Mauro Paulino, diretor do Datafolha.
Parte da rejeição se deve ao episódio que mais marcou esse primeiro ano de Kassab. Foi quando, para demonstrar autoridade, o prefeito expulsou aos gritos de "vagabundo", de um posto de saúde, um homem que supostamente protestava. A repercussão do ato foi negativa.
"Foi quando o prefeito mais apareceu na mídia, e de uma maneira negativa", diz Paulino.
O primeiro ano de Kassab foi marcado ainda pela Lei Cidade Limpa, que quase extinguiu a propaganda nas ruas e patina em decisões judiciais contrárias. Outra marca foi o reajuste da tarifa de ônibus acima da inflação, que gerou protestos.
Kassab assumiu em 31 de março de 2006, quando Serra saiu para disputar o governo.
Na ocasião, ele era desconhecido da maior parte da população. Pesquisa Datafolha de abril de 2006 mostrava que apenas 23% sabiam o nome do prefeito. Na mesma pesquisa, 26% apostavam que Kassab teria uma gestão boa ou ótima, e 17%, ruim ou péssima.
Kassab passou a maior parte do primeiro ano de sua gestão à sombra de Serra, sem projeto nem equipe próprios. Ao deixar o governo, o governador era aprovado por 56% e reprovado por 8% dos moradores.
Os números mostram que o paulistano vê uma forte ligação entre Serra e Kassab. Entre os que rejeitam a gestão do tucano, 73% também avaliam o prefeito como ruim ou péssimo .
Entre os que consideram Kassab ruim ou péssimo, 46% também rejeitam o governo de Serra. Além disso, 66% dos moradores que julgam o prefeito bom ou ótimo têm a mesma avaliação sobre o governador.


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