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Cresce rejeição ao governo de Kassab
Pesquisa Datafolha revela que 42% dos paulistanos consideram gestão ruim ou péssima; em julho de 2006, índice era de 33%
Após um ano de mandato, prefeito recebe nota média de 3,9; Serra, ao deixar a prefeitura, era desaprovado por 8% dos moradores
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cresceu a rejeição da população de São Paulo à gestão do
prefeito Gilberto Kassab
(PFL), que completa um ano de
mandato no próximo sábado,
segundo pesquisa Datafolha
realizada nos dias 19 e 20.
Entre a pesquisa anterior, em
julho de 2006, e agora, o índice
de paulistanos que julgam ruim
ou péssimo o governo Kassab
passou de 33% para 42%, uma
variação de nove pontos percentuais. A margem de erro da
pesquisa, que ouviu 1.092 pessoas com mais de 16 anos em
São Paulo, é de três pontos, para mais ou para menos.
Já a aprovação ao prefeito oscilou dentro da margem de erro: passou de 16% para 15% o
percentual de paulistanos que
acham a gestão boa ou ótima.
Os paulistanos deram nota
média de 3,9 para Kassab. Para
20%, o prefeito merece nota 0.
Apenas 2% deram nota 10.
A rejeição e a aprovação a
Kassab são idênticas às de Celso Pitta (1997-2000), após um
ano de gestão. Mas ele deixou o
cargo com 81% de rejeição. José
Serra (PSDB) e Marta Suplicy
(PT) tinham índices bem melhores após um ano no cargo.
Marta, ao final de 2001, era
aprovada por 28% e rejeição
por 34% dos paulistanos. Serra
tinha 41% de ótimo ou bom e
23% de ruim ou péssimo em
dezembro de 2005.
Consideram Kassab regular
36% dos entrevistados; 7% não
souberam avaliar sua gestão.
Em julho, 12% não souberam
avaliar o prefeito. Em maio,
com menos de dois meses de
gestão, o índice era de 26%. Isso
mostra que Kassab ficou mais
conhecido ao mesmo tempo
em que cresceu a rejeição.
O crescimento da avaliação
negativa de seu mandato ocorre no período em que Kassab se
esforçou por ser mais conhecido e, ao mesmo tempo, melhorar sua imagem e tornar viável
sua reeleição em 2008.
A pesquisa aponta que ele
não tem sido bem sucedido
nesse esforço. "Com essa avaliação negativa, a candidatura
dele é inviável", diz Mauro Paulino, diretor do Datafolha.
Parte da rejeição se deve ao
episódio que mais marcou esse
primeiro ano de Kassab. Foi
quando, para demonstrar autoridade, o prefeito expulsou aos
gritos de "vagabundo", de um
posto de saúde, um homem que
supostamente protestava. A repercussão do ato foi negativa.
"Foi quando o prefeito mais
apareceu na mídia, e de uma
maneira negativa", diz Paulino.
O primeiro ano de Kassab foi
marcado ainda pela Lei Cidade
Limpa, que quase extinguiu a
propaganda nas ruas e patina
em decisões judiciais contrárias. Outra marca foi o reajuste
da tarifa de ônibus acima da inflação, que gerou protestos.
Kassab assumiu em 31 de
março de 2006, quando Serra
saiu para disputar o governo.
Na ocasião, ele era desconhecido da maior parte da população. Pesquisa Datafolha de
abril de 2006 mostrava que
apenas 23% sabiam o nome do
prefeito. Na mesma pesquisa,
26% apostavam que Kassab teria uma gestão boa ou ótima, e
17%, ruim ou péssima.
Kassab passou a maior parte
do primeiro ano de sua gestão à
sombra de Serra, sem projeto
nem equipe próprios. Ao deixar
o governo, o governador era
aprovado por 56% e reprovado
por 8% dos moradores.
Os números mostram que o
paulistano vê uma forte ligação
entre Serra e Kassab. Entre os
que rejeitam a gestão do tucano, 73% também avaliam o prefeito como ruim ou péssimo .
Entre os que consideram
Kassab ruim ou péssimo, 46%
também rejeitam o governo de
Serra. Além disso, 66% dos moradores que julgam o prefeito
bom ou ótimo têm a mesma
avaliação sobre o governador.
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