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Relatório do governo culpa carro e moto por poluição no trânsito
Segundo o estudo, em 2009 as emissões de CO do transporte individual equivaleram a 83% do total do gás, ante 2% dos ônibus
Para Carlos Minc (Meio Ambiente), resultado "mostra a falência do sistema público de transporte, o atraso do metrô, as deficiências do trem"
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
A frota de carros e motocicletas do país emite 40 vezes mais
CO (monóxido de carbono), poluente oriundo da queima de
petróleo e que afeta o sistema
cardiovascular, do que a frota
de ônibus urbanos.
É o que revela estudo inédito
divulgado ontem pelo Ministério do Meio Ambiente, que realizou um inventário das fontes
de poluição por veículos usados
no transporte rodoviário.
Segundo o estudo, em 2009
as emissões de CO por parte de
carros e motos corresponderam a 83% do total desse gás no
transporte rodoviário. Os ônibus responderam por 2%.
O número de usuários em cada modalidade, porém, foi
equivalente: o transporte coletivo somou 16,8 bilhões de passageiros em 2008 e 2009 e o individual, 17 bilhões.
Para o ministro Carlos Minc
(Meio Ambiente), o resultado,
"completamente gritante e
chocante", revela a falência do
modelo de transporte no Brasil.
"Isso mostra realmente a falência do sistema público de transporte, o atraso do metrô, as deficiências do trem, questões
que a gente tenta enfrentar
agora em algumas cidades."
Ao longo das últimas três décadas, porém, as emissões de
poluentes como o CO vêm caindo no país, a despeito do aumento da frota de veículos -
em 1980, o número de carros
era de 7,5 milhões; em 2008,
bateu 21,1 milhões. Somando-se os outros veículos, a frota nacional em circulação chega a 36
milhões de unidades.
Segundo o ministro, a queda
ocorreu devido à implementação do Proconve (Programa de
Controle de Poluição Veicular),
no fim da década de 80. O programa, que passou a estipular
limites máximo de emissões de
poluentes para os veículos, levou ao desenvolvimento de
motores e combustíveis.
"Antes, a emissão de CO de
um carro era de 58g/km; hoje, o
limite máximo é de 0,5g/km",
explica o gerente de qualidade
do ar do ministério, Rudolf Noronha. Na próxima fase, a ser
implementada em 2013, o valor
máximo será de 0,3g/ km.
Com isso, as emissões de CO
em 2009 foram de cerca de 1,5
milhão de toneladas. Em 1992,
o total ficou próximo de 5,5 milhões de toneladas, maior valor
já registrado no país.
Reduções semelhantes também foram verificadas nas
emissões de hidrocarbonetos
não metano, óxidos de nitrogênio, material particulado e aldeídos, poluentes que também
são regulados pelo governo.
A liberação de CO2 (dióxido
de carbono) decorrente da
queima de combustíveis fósseis, porém, aumentou de forma contínua ao longo dos anos
- dos 60 milhões de toneladas
anuais estimados para 1980,
passou para 140 milhões de toneladas em 2008. O CO2 é um
dos gases responsáveis pelo
aquecimento global, mas, como
não era considerado poluente,
não teve seus limites de emissão estabelecidos pelo governo.
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