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24 das 32 escolas top tiveram melhora de mais de 100%
Educadores dizem que evolução nesse patamar em apenas um ano é incomum
Secretaria afirma que
variações grandes devem
ser analisadas com cuidado,
mas não há porque se
duvidar dos resultados
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Das 32 escolas estaduais de
São Paulo que já atingiram o nível de países desenvolvidos, 24
mais que dobraram o desempenho no indicador de qualidade
em apenas um ano. Educadores
dizem estranhar um salto tão
grande. A Secretaria da Educação afirma que analisará a
"consistência dos dados".
Conforme a Folha informou
ontem, 1% das escolas já atingiram a meta prevista para 2030
no Idesp, indicador da gestão
Serra (PSDB) que considera
desempenho dos alunos em
provas de português e matemática (Saresp), além da taxa de
aprovação. O objetivo é se igualar a países como a Finlândia.
Nenhuma unidade havia
atingido o objetivo no ano anterior. O desempenho no Idesp
é a referência para pagamento
de bônus aos professores.
Entre os colégios top, a
maior variação (entre 2008 e
2009) ocorreu no ensino médio da escola Bairro São Miguel, na cidade de Cachoeira
Paulista, que cresceu 392% (de
1,2 para 5,9, na escala até 10).
"Grandes crescimentos são
estranhos. Os estudos mostram que a evolução na educação é gradual. Eu investigaria
esses resultados", diz o pesquisador José Marcelino Rezende
Pinto, da USP de Ribeirão Preto. "O salário da categoria está
achatado, e a única forma de
ganhar melhor é ir bem nessas
avaliações. Isso traz um risco."
Um técnico que participou
da elaboração do índice disse,
reservadamente, que um grande salto na nota pode ser feita
se a escola impedir que os alunos mais fracos façam o exame
-que deve abranger todos os
alunos da rede estadual, mas
não há punição aos que faltam.
Ele afirma, porém, que é possível uma grande variação, desde que a escola seja pequena e
implemente muitas mudanças.
Em nota, a Secretaria Estadual da Educação afirma que
"variações grandes para cima
ou para baixo devem ser analisadas com cuidado", mas, a
princípio, não há por que se duvidar dos resultados.
Ainda assim, diz a pasta, serão avaliadas as grandes variações. "Caso venham a ser detectados problemas ou erros,
eles serão objeto de procedimentos administrativos."
A escola Azarias Ribeiro, em
Maracaí, cita a implantação da
recuperação fora do horário regular como uma explicação para o crescimento de 112% no índice. O colégio tem média de 12
alunos por sala. "Houve rumor
que a escola iria fechar, por ser
pequena. A comunidade se mobilizou para garantir a continuidade", diz a coordenadora,
Rita de Cássia di Mallo.
A escola Benedito Bueno, em
Mococa, diz que houve mudança no perfil dos alunos. Em
2008, muitos trabalhavam na
lavoura. No ano seguinte, a
maioria se concentrou nos estudos. "E a comunidade se envolve. Faz até leilão para arrecadar dinheiro para reformas",
diz a diretora, Miriram Raymundo. A reportagem não conseguiu contato com os colégios
com as maiores variações.
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