São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2010

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Casal sofreu coação da polícia, diz defesa

Em seu depoimento no júri, Alexandre Nardoni afirmou que, na época do crime, policiais o xingaram e o pressionaram a assinar confissão

Anna Carolina Jatobá também reclamou ao juiz da ação da polícia e disse que delegada lhe afirmou que marido "tinha cara de psicopata"

DA REPORTAGEM LOCAL

Para a defesa, os réus Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá sofreram coação da polícia nas horas e nos dias que sucederam o crime.
"Se estivesse desde o início [no caso], isso não teria passado em brancas nuvens", afirma Roberto Podval, advogado de defesa do casal Nardoni.
Ontem, em seu depoimento durante o julgamento, Alexandre Nardoni afirmou ter sido maltratado na delegacia quando teve que prestar depoimento depois da morte da filha.
"Me colocaram numa sala com oito delegados, mais investigadores. A delegada Renata [Pontes] na minha frente e os outros delegados em minha volta. Me colocaram numa cadeira, como aqui, e começou a sessão de xingamentos, palavrões de baixo calão", afirmou.
Segundo Nardoni, a polícia tentou fazer com que ele assinasse uma confissão de homicídio culposo [quando não existe intenção de cometer o crime] para, assim, tirar a mulher dele do processo.
"Jamais faria isso. Naquela hora, estava tentando descobrir a verdade. Não estava entendendo onde eles queriam chegar. Aquilo me deixou indignado", disse o acusado.
Anna Carolina Jatobá, quando interrogada pelo juiz Maurício Fossen, também reclamou da ação da polícia na delegacia.
Ambos tiveram que depor em salas separadas. "Fiquei horas em uma salinha", afirmou.
De acordo com Jatobá, os investigadores impediram que ela usasse o telefone. E ainda a pressionaram a dizer que Nardoni havia matado Isabella.
"Mocinha! Você sabe o que é uma prisão? Você tem consciência do que está ocorrendo?", disseram os policiais a Jatobá, segundo o depoimento dela dado no júri.
"A delegada Renata me disse que o Alexandre tinha cara de psicopata", disse Jatobá.
Na madrugada depois do crime, Jatobá e Nordoni, na versão apresentada por eles ontem, não se encontraram na delegacia. Eles prestaram depoimentos separados. Os policiais, segundo os réus, também os expuseram à imprensa.


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