São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2010

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Pedestres levam banho dos carros

DANIEL BERGAMASCO
EDITOR-ADJUNTO DE COTIDIANO

Ilhados sob o Minhocão, perto da saída do metrô Santa Cecília (centro), os donos de um carrinho que vende suco de laranja "natural" (R$ 0,50 o copo pequeno) já estão escolados com as enchentes.
Se a água sobe, eles se refugiam debaixo do elevado e pisam nos banquinhos de plástico. Ficam lá o quanto for preciso, até a água baixar.
"É uma prova de resistência, tipo prova para escolher líder no "Big Brother'", ele fala, rindo.
A água cai como cachoeira do elevado Costa e Silva. Na parte debaixo do elevado, os motoristas de ônibus e carros que se aventuram pelo alagamento parecem não perceber os pedestres: passam ao lado da calçada em que as pessoas estão abrigadas, formando ondas de água suja que quebram acima das canelas e respingam na roupa toda.
Uma garota em seus 20 e poucos anos se aventura a andar pela rua Ana Cintra, com água nos joelhos e sandálias Havaianas amarelas nas mãos.
Um dos pés do par escapa pela correnteza e ela grita: "Gente, meu chinelo!". Três pessoas ilhadas ao lado do carrinho de suco então se lançam ao "mar" na missão de resgatá-lo. Uma menina consegue e lança a peça para sua dona, que sorri: "Valeu!!". E sai feliz da vida.

Sujeira
Transformado em parque de asfalto aos domingos e feriados, sem lixeira nos seus 3,5 km de extensão, o Minhocão fica recoberto de sujeira, que acaba indo parar nas bocas de lobo da via.
Em reportagem no fim do mês passado, a Folha mostrou que somente 28 das 188 bocas de lobo da via elevada -principal ligação entre as zonas leste e oeste- não estavam entupidas com lixo. Cheias, elas dificultam o escoamento da água.
O Minhocão já alagou por duas vezes. A primeira delas em setembro do ano passado. A segunda, durante a Quarta-Feira de Cinzas deste ano.


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