|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pedestres levam banho dos carros
DANIEL BERGAMASCO
EDITOR-ADJUNTO DE COTIDIANO
Ilhados sob o Minhocão,
perto da saída do metrô
Santa Cecília (centro), os
donos de um carrinho que
vende suco de laranja "natural" (R$ 0,50 o copo pequeno) já estão escolados
com as enchentes.
Se a água sobe, eles se
refugiam debaixo do elevado e pisam nos banquinhos de plástico. Ficam lá
o quanto for preciso, até a
água baixar.
"É uma prova de resistência, tipo prova para escolher líder no "Big Brother'", ele fala, rindo.
A água cai como cachoeira do elevado Costa e
Silva. Na parte debaixo do
elevado, os motoristas de
ônibus e carros que se
aventuram pelo alagamento parecem não perceber os pedestres: passam ao lado da calçada em
que as pessoas estão abrigadas, formando ondas de
água suja que quebram
acima das canelas e respingam na roupa toda.
Uma garota em seus 20
e poucos anos se aventura
a andar pela rua Ana Cintra, com água nos joelhos e
sandálias Havaianas amarelas nas mãos.
Um dos pés do par escapa pela correnteza e ela
grita: "Gente, meu chinelo!". Três pessoas ilhadas
ao lado do carrinho de suco então se lançam ao
"mar" na missão de resgatá-lo. Uma menina consegue e lança a peça para sua
dona, que sorri: "Valeu!!".
E sai feliz da vida.
Sujeira
Transformado em parque de asfalto aos domingos e feriados, sem lixeira
nos seus 3,5 km de extensão, o Minhocão fica recoberto de sujeira, que acaba
indo parar nas bocas de
lobo da via.
Em reportagem no fim
do mês passado, a Folha
mostrou que somente 28
das 188 bocas de lobo da
via elevada -principal ligação entre as zonas leste
e oeste- não estavam entupidas com lixo. Cheias,
elas dificultam o escoamento da água.
O Minhocão já alagou
por duas vezes. A primeira
delas em setembro do ano
passado. A segunda, durante a Quarta-Feira de
Cinzas deste ano.
Texto Anterior: Carro boia em Perdizes e ônibus fica ilhado na Pompeia Próximo Texto: Chuva forte deixa 28 vias sem energia Índice
|