São Paulo, sábado, 26 de março de 2011

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BICHOS

VIVEN LANDO

Achados e perdidos


De qualquer forma, chegar em casa e descobrir que seu bicho de estimação fugiu é um terror, sim


A comoção que envolveu o sumiço do cão Pinpoo, em Porto Alegre, e sua subsequente volta aos braços da dona, transcendeu as fronteiras nacionais. Não é de se espantar. Afinal, quem já perdeu um bicho amado sabe a dor que é.
Nas circunstâncias específicas de Pinpoo, soma-se ainda o fator viagem, avião, caixa de transporte -uma cadeia de inseguranças. Talvez o episódio sirva para se iniciar uma indagação sobre as regras da maioria das companhias aéreas de não levarem animais na cabine, salvo raras exceções. Leis essas que se acirraram após o 11 de Setembro, o que não tem a menor explicação. Serão os cãezinhos terroristas disfarçados?
De qualquer forma, chegar em casa e descobrir que seu pet de estimação fugiu é um terror, sim. O cachorro que cresceu comigo foi um grande passeador. Em uma época em que as ruas de São Paulo não representavam tanto perigo e uma das maiores ameaças era a carrocinha.
Num sábado de Carnaval, Rex saiu de casa e desapareceu. Fomos ao tal canil da Zoonose, onde os hóspedes tinham três dias para serem localizados pelo dono. Caso contrário seriam sacrificados. Aquilo, sim, era terror! (Parece que os procedimentos se modificaram bastante hoje em dia -não há mais sacrifício.)
Após olhar com muita atenção focinho por focinho, respiramos aliviados, ele não estava ali. Na Quarta-Feira de Cinzas de manhã, Rex entrou pelo mesmo buraco na cerca-viva por onde costumava sair. Tão cansado que quase não conseguiu dar o salto necessário. Tão sujo que por pouco não o reconheci. E tão satisfeito que até hoje tenho certeza de que passou aquele Carnaval inteiro na avenida Tiradentes, onde se dava a festa na época.
O outro fujão foi o Neno, que adotei em Florianópolis. Até se adaptar muito bem à vida doméstica, saiu algumas vezes portão afora. Numa dessas, foi seduzido por um catador de papel e sua carroça. Após um longo calvário de informações desencontradas, descobrimos o endereço do homem. E fomos comprar o Neno. Isso mesmo: tivemos de pagar para recuperá-lo!
Há também a situação inversa -o dono fujão. No início deste último verão, um pastor alemão bem jovem foi jogado na ilha central da rodovia Ayrton Senna, provavelmente para não incomodar a viagem de férias. Naquele sábado, o que me reconciliou com a raça humana foi que, ao ligar para a administradora da estrada, soube que várias pessoas já haviam feito o mesmo e uma equipe de resgate estava tentando salvar o abandonado.


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