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JUVENTUDE ENCARCERADA
Segundo denúncia, responsável por unidade no Tatuapé participou de agressões a internos
Justiça manda afastar diretor da Febem
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça determinou o afastamento de um dos diretores do
complexo da Febem no Tatuapé
(zona leste de SP), por suspeita de
participação em espancamentos e
maus-tratos. Ele teria motivado a
revolta de adolescentes no começo do mês, que destruíram duas
unidades em protesto às supostas
agressões e foram transferidos para uma antiga penitenciária. A Febem diz que cumprirá a decisão.
A juíza-corregedora do Deij
(Departamento de Execuções da
Infância e da Juventude), Mônica
Paukoski, decidiu que Bruno Fernando Camargo Di Iorio, que dirigia a unidade 14 do Tatuapé, não
poderá ocupar nenhum cargo de
chefia até o final da apuração das
supostas irregularidades.
O fim da tortura na Febem e a
desativação do Tatuapé eram
promessas do ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato à
Presidência da República pelo
PSDB. O fechamento do complexo está previsto para dezembro.
Segundo a Promotoria da Infância e Juventude, que pediu o
afastamento provisório, jovens da
unidade 14 do complexo Tatuapé
teriam sido submetidos a espancamentos e maus-tratos nos meses de fevereiro e março. Laudos
de exame de corpo de delito confirmaram as lesões.
Promotores e juízes do Deij
também ouviram relatos de adolescentes que afirmaram que o diretor chegou a participar das
agressões. No começo do mês, internos de outras unidades do
complexo do Tatuapé afirmaram
que começaram uma rebelião em
protesto aos supostos espancamentos ocorridos na unidade 14.
Por causa da destruição no
complexo, 131 internos -entre
eles vítimas das agressões- foram transferidos provisoriamente para o prédio antes ocupado
por uma penitenciária feminina,
localizado no mesmo quadrilátero. Iorio foi transferido com o
grupo e novas denúncias de
agressões foram registradas.
Segundo a decisão judicial, ele já
era investigado por outro episódio, ocorrido em 2003. Internos
que chegaram na unidade 12 do
Tatuapé, então dirigida por Iorio,
foram recepcionados a socos e
golpes de bastões de madeira.
O diretor virou alvo de denúncias de entidades de direitos humanos, que pediam o seu afastamento. Ontem, para marcar os 30
anos da Febem -antes, era Funabem- entidades fizeram uma vigília em frente ao complexo do
Tatuapé para protestar contra os
espancamentos.
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