São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2006

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HABITAÇÃO

Moradores de favela que deverá ser desocupada fecharam trecho da marginal Tietê; prefeitura não irá negociar

Subprefeito vê ação criminosa em invasão

LUÍSA BRITO
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Subprefeitura da Vila Maria/Vila Guilherme disse haver indícios da ação de criminosos por trás da invasão de uma área no Parque Novo Mundo, na zona norte, onde vivem 230 famílias. Os moradores da favela Chácara Bela Vista interromperam o trânsito na marginal Tietê, anteontem, por quase oito horas.
A administração se recusa a negociar com os moradores. "Não temos que oferecer opção. Os moradores têm que abandonar o local", afirmou o subprefeito da região, Antonio Perosa. "A população é usada como massa de manobra. Aquilo foi invadido por pessoas que têm interesse de ocupar a área para fazer dinheiro." Os moradores negam a acusação.
A reintegração de posse da favela, onde vivem 230 famílias, deve ocorrer até 31 de maio.
Na noite de anteontem, cerca de 500 manifestantes, com pneus e pedaços de pau, interromperam a pista da marginal Tietê (sentido Penha-Lapa) e chegaram a saquear caminhões em protesto contra a desocupação. O trecho ficou interditado das 18h50 às 2h30.
O confronto começou após os moradores saberem que teriam de deixar a favela. A reintegração de posse foi expedida pela Justiça em 26 de janeiro. Na confusão, a PM usou bombas de efeito moral, e os moradores reagiram com pedras. Quatro policiais militares e um fotógrafo ficaram feridos.
O município não vai incluir as famílias em programas habitacionais e benefícios sociais da prefeitura. O subprefeito disse que na época em que a ocupação começou, em abril de 2005, a subprefeitura avisou os moradores que eles não poderiam montar barracos no local. As famílias que não tiverem para onde ir serão encaminhadas para abrigos municipais.
O presidente da associação de moradores da Chácara Bela Vista, Francisco Correia Amorim Filho, disse desconhecer articulação de criminosos na ação. Segundo ele, os moradores são pessoas que trabalham legalmente. O advogado das famílias, Rildo Marques Oliveira, disse que fará uma denúncia ao Ministério Público Estadual em que relata a falta de ação da prefeitura para realocar as famílias em programas habitacionais.


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