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Horário da simulação recebe críticas
DA REPORTAGEM LOCAL
A Acrimesp, Associação dos
Advogados Criminalistas do
Estado de São Paulo, enviou
ontem à polícia contestação à
simulação do crime, prevista
para amanhã a partir das 9h.
Para a entidade, a simulação
deveria ser feita em horário e
dia da semana semelhantes às
do crime, que ocorreu por volta
das 23h, no dia 29 de março, um
sábado. Ademar Gomes, presidente da Acrimesp, diz que boa
parte dos testemunhos
apóiam-se em sons escutados
por vizinhos do casal. "Os barulhos e gritos que se pode escutar às 9h da manhã diferem -e
muito- daqueles que se pode
ouvir quase à meia-noite."
"Logo pela manhã, com a
permissão de livre circulação
de moradores, funcionários e
de prestadores de serviço, haverá mais ruídos nas escadas e
áreas comuns do que haveria às
23h, quando boa parte dos moradores já estaria dormindo."
"Gritos que testemunhas dizem ter escutado podem, nas
circunstâncias da simulação,
tornarem-se inaudíveis ou indecifráveis", diz ele.
Para o advogado criminalista
Tales Castelo Branco, esse tipo
de reprodução só tende a ter algum valor quando feita a partir
dos depoimentos de réus confessos. "Não será isso o que
acontecerá domingo, em que
uma simulação será feita a partir da direção de um delegado,
para comprovar a versão da polícia. Além disso, toda testemunha tem certa vocação para artista de TV. Essa vocação se
manifesta até diante do juiz,
que dirá em uma simulação que
será televisionada", diz. "Vai
ser um samba do crioulo doido,
não vai ajudar em nada e pode
até confundir mais as coisas."
Para Celso Sanchez Vilardi,
também advogado criminalista, "está se passando dos limites na tendência hollywoodiana que a polícia vem impondo
ao caso. E é preocupante: se os
investigadores estão dependendo desse tipo de teste para
formar convicção sobre o caso,
é sinal de que as provas técnicas
são muito débeis."
Para policiais envolvidos na
investigação, o horário não prejudicará o trabalho da polícia
científica. A luz do dia, alegam,
até ajudaria os peritos a fotografar as cenas da simulação.
Segundo investigadores, o
pedido de interdição do espaço
aéreo sobre o prédio e o fechamento do tráfego na rua são suficientes para garantir condições de propagação do som
análogas às da hora do crime.
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