São Paulo, sábado, 26 de abril de 2008

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Horário da simulação recebe críticas

DA REPORTAGEM LOCAL

A Acrimesp, Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo, enviou ontem à polícia contestação à simulação do crime, prevista para amanhã a partir das 9h.
Para a entidade, a simulação deveria ser feita em horário e dia da semana semelhantes às do crime, que ocorreu por volta das 23h, no dia 29 de março, um sábado. Ademar Gomes, presidente da Acrimesp, diz que boa parte dos testemunhos apóiam-se em sons escutados por vizinhos do casal. "Os barulhos e gritos que se pode escutar às 9h da manhã diferem -e muito- daqueles que se pode ouvir quase à meia-noite."
"Logo pela manhã, com a permissão de livre circulação de moradores, funcionários e de prestadores de serviço, haverá mais ruídos nas escadas e áreas comuns do que haveria às 23h, quando boa parte dos moradores já estaria dormindo."
"Gritos que testemunhas dizem ter escutado podem, nas circunstâncias da simulação, tornarem-se inaudíveis ou indecifráveis", diz ele.
Para o advogado criminalista Tales Castelo Branco, esse tipo de reprodução só tende a ter algum valor quando feita a partir dos depoimentos de réus confessos. "Não será isso o que acontecerá domingo, em que uma simulação será feita a partir da direção de um delegado, para comprovar a versão da polícia. Além disso, toda testemunha tem certa vocação para artista de TV. Essa vocação se manifesta até diante do juiz, que dirá em uma simulação que será televisionada", diz. "Vai ser um samba do crioulo doido, não vai ajudar em nada e pode até confundir mais as coisas."
Para Celso Sanchez Vilardi, também advogado criminalista, "está se passando dos limites na tendência hollywoodiana que a polícia vem impondo ao caso. E é preocupante: se os investigadores estão dependendo desse tipo de teste para formar convicção sobre o caso, é sinal de que as provas técnicas são muito débeis."
Para policiais envolvidos na investigação, o horário não prejudicará o trabalho da polícia científica. A luz do dia, alegam, até ajudaria os peritos a fotografar as cenas da simulação.
Segundo investigadores, o pedido de interdição do espaço aéreo sobre o prédio e o fechamento do tráfego na rua são suficientes para garantir condições de propagação do som análogas às da hora do crime.


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