Em operação da polícia na Cidade de Deus, no Rio, uma senhora de 70 anos morreu baleada ao tentar atravessar a rua

Segundo a polícia, os 10 homens mortos eram traficantes; ninguém foi preso na ação, que ainda deixou mais 2 idosas feridas

MALU TOLEDO
SUCURSAL DO RIO

Onze pessoas morreram ontem em uma operação da Polícia Militar na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, entre elas uma idosa. De acordo com a polícia, o objetivo era prender Antônio de Souza Ferreira, o Tota, um dos traficantes mais procurados no Estado.
Josélia Barros Afonso, 70, foi baleada ao atravessar a rua protegida por um policial militar, que não foi ferido. Ela chegou morta ao hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca (zona oeste).
Os corpos de dez homens chegaram ao hospital no final da tarde. Eles não tinham sido identificados até a conclusão desta edição, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Segundo informações da polícia, os dez homens mortos eram traficantes.
A operação começou por volta das 10h. Por cinco horas, 150 policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais), do 18º Batalhão da PM (Jacarepaguá) e do Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque) trocaram tiros com traficantes que controlam a venda de drogas na Cidade de Deus. A operação teve apoio de dois blindados -conhecidos como "Caveirões"- e um helicóptero.

Sem prisões
Segundo a PM, três fuzis, sete pistolas, duas granadas, carregadores, munição e drogas foram apreendidos. Não houve prisões.
De acordo com informações da PM, Tota fugiu com alguns comparsas do Complexo do Alemão para a Cidade de Deus -favela também dominada pela facção Comando Vermelho- na madrugada de ontem. Tota é apontado como o chefe do tráfico de drogas no Alemão, que está cercado por agentes da Força Nacional de Segurança há quase um ano.
O Bope, tropa de elite na polícia do Rio, realiza operação há duas semanas na Vila Cruzeiro, vizinha ao Complexo do Alemão. Ao menos 16 pessoas já morreram em confrontos na região. A PM diz acreditar que os traficantes fugiram do cerco montado nas favelas próximas ao local da ação.

Mais duas idosas
Outras duas idosas que também tinham pedido autorização para passar atrás da barreira policial ficaram feridas. Maria José da Silva, 74, ficou ferida no glúteo, na perna esquerda e no ombro esquerdo. Maria dos Anjos Mendes Cruz, 75, ficou ferida no glúteo. Elas foram levadas para o hospital Lourenço Jorge, onde fizeram exames.

Protestos
A morte da idosa provocou protestos na favela. Familiares e amigos se reuniram na frente da casa de Josélia e acusaram a polícia por sua morte. A PM diz que as três mulheres atingidas foram alvos de traficantes.
Após matar dez supostos criminosos, um idosa morrer e duas ficarem feridas, a PM encerrou a operação por volta das 15h sem ter encontrado Tota e seu bando. A polícia disse que a operação será mantida na Cidade de Deus por tempo indeterminado.


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