|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nova estratégia será testada na Bolívia
Cultivo de coca no país vizinho aumentou nos últimos anos e, em consequência, cresceu a apreensão da droga no Brasil
Uma das medidas será auxiliar na destruição de plantações clandestinas de coca, como já é feito no caso da maconha no Paraguai
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal fará na Bolívia o maior teste da sua nova
estratégia contra o tráfico.
Os bolivianos se queixaram
ao Brasil que sua soberania foi
ferida pelas ações da DEA,
agência antidrogas dos EUA, o
que levou à expulsão dos agentes norte-americanos em 2008.
Segundo a área de inteligência da PF, o Brasil pagou o pato:
nos últimos anos aumentou a
área de cultivo de coca na Bolívia e, em consequência, cresceram as apreensões da droga do
lado da fronteira brasileira.
O diretor de Combate ao Crime Organizado da PF, Roberto
Troncon, disse que o governo
respeitará a Constituição da
Bolívia, que autoriza o plantio
de coca no país, mas atuará firme no combate ao narcotráfico.
Uma das medidas será auxiliar policiais bolivianos na destruição de plantações clandestinas de coca, como já é feito no
caso da maconha no Paraguai.
"Não vamos construir um
muro para isolar a Bolívia. A
responsabilidade tem que ser
compartilhada, respeitando a
soberania de cada país", disse.
Segundo o diretor, o principal alvo das operações na América do Sul é o tráfico de cocaína. Colômbia, Peru e Bolívia
produziram juntos cerca de
845 toneladas dessa droga em
2008, dado mais recente.
As plantações de folha de coca aumentaram no Peru (4%),
segundo produtor, e na Bolívia
(6%), terceira colocada no ranking. Já na campeã Colômbia
houve redução de 18%.
Com aumento do plantio no
Peru e Bolívia cresceram as
apreensões de drogas no Acre,
Rondônia e Amazonas, onde
foram retiradas de circulação
em 2009 quatro toneladas de
cocaína. Há dez anos, as
apreensões somavam 500 kg.
A reação da PF foi deflagrar a
Operação Sentinela no Amazonas, que tem fronteiras peruana e colombiana. Foram
apreendidos no Estado 700 kg
de cocaína desde novembro. A
operação ocorre ainda em Mato Grosso do Sul e Paraná, na
fronteira com o Paraguai.
Mãos dadas
Apesar das ações da PF, o
Brasil consegue apreender só
15% da droga que entra no país,
diz o juiz federal Odilon de Oliveira. Em 2009, a PF apreendeu 18 toneladas de cocaína.
A maior preocupação do juiz
hoje é com a Bolívia. Ele diz que
o país andino "está entrando
pelo cano porque tem aumentado a produção de cocaína".
"O governo [boliviano] é tendencioso. Ele está ligado ao sindicato de cocaleiros. Logo a Bolívia será o segundo produtor
mundial de cocaína", diz Oliveira. Para ele, o Brasil deve andar de mãos dadas com a DEA.
(HUDSON CORRÊA)
Texto Anterior: Brasil se opõe aos EUA em ação antidroga Próximo Texto: Por R$ 40, dá para comprar LSD ou ecstasy em balada Índice
|