São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2010

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Nova estratégia será testada na Bolívia

Cultivo de coca no país vizinho aumentou nos últimos anos e, em consequência, cresceu a apreensão da droga no Brasil

Uma das medidas será auxiliar na destruição de plantações clandestinas de coca, como já é feito no caso da maconha no Paraguai

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal fará na Bolívia o maior teste da sua nova estratégia contra o tráfico.
Os bolivianos se queixaram ao Brasil que sua soberania foi ferida pelas ações da DEA, agência antidrogas dos EUA, o que levou à expulsão dos agentes norte-americanos em 2008.
Segundo a área de inteligência da PF, o Brasil pagou o pato: nos últimos anos aumentou a área de cultivo de coca na Bolívia e, em consequência, cresceram as apreensões da droga do lado da fronteira brasileira.
O diretor de Combate ao Crime Organizado da PF, Roberto Troncon, disse que o governo respeitará a Constituição da Bolívia, que autoriza o plantio de coca no país, mas atuará firme no combate ao narcotráfico.
Uma das medidas será auxiliar policiais bolivianos na destruição de plantações clandestinas de coca, como já é feito no caso da maconha no Paraguai.
"Não vamos construir um muro para isolar a Bolívia. A responsabilidade tem que ser compartilhada, respeitando a soberania de cada país", disse.
Segundo o diretor, o principal alvo das operações na América do Sul é o tráfico de cocaína. Colômbia, Peru e Bolívia produziram juntos cerca de 845 toneladas dessa droga em 2008, dado mais recente.
As plantações de folha de coca aumentaram no Peru (4%), segundo produtor, e na Bolívia (6%), terceira colocada no ranking. Já na campeã Colômbia houve redução de 18%.
Com aumento do plantio no Peru e Bolívia cresceram as apreensões de drogas no Acre, Rondônia e Amazonas, onde foram retiradas de circulação em 2009 quatro toneladas de cocaína. Há dez anos, as apreensões somavam 500 kg.
A reação da PF foi deflagrar a Operação Sentinela no Amazonas, que tem fronteiras peruana e colombiana. Foram apreendidos no Estado 700 kg de cocaína desde novembro. A operação ocorre ainda em Mato Grosso do Sul e Paraná, na fronteira com o Paraguai.

Mãos dadas
Apesar das ações da PF, o Brasil consegue apreender só 15% da droga que entra no país, diz o juiz federal Odilon de Oliveira. Em 2009, a PF apreendeu 18 toneladas de cocaína.
A maior preocupação do juiz hoje é com a Bolívia. Ele diz que o país andino "está entrando pelo cano porque tem aumentado a produção de cocaína".
"O governo [boliviano] é tendencioso. Ele está ligado ao sindicato de cocaleiros. Logo a Bolívia será o segundo produtor mundial de cocaína", diz Oliveira. Para ele, o Brasil deve andar de mãos dadas com a DEA.
(HUDSON CORRÊA)


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