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Morador de rua é agredido no centro de SP
Dois jovens de pulseiras com espetos foram presos sob suspeita de agressão e injúria racial na madrugada de ontem
Polícia Civil investiga se há ligação entre os suspeitos de agressão e um encontro que reuniu skinheads horas antes na mesma região
THATIANA MENDES
DO "AGORA"
Dois jovens foram presos sob
a acusação de agredir e ofender
um morador de rua de 22 anos
no vale do Anhangabaú, região
central de São Paulo, durante a
madrugada de ontem. De acordo com a Secretaria de Estado
da Segurança Pública, o caso
está ligado a racismo -os
agressores seriam skinheads.
Segundo a polícia, testemunhas -uma delas namorada da
vítima e também moradora de
rua- confirmaram que os dois
rapazes abordaram o morador
de rua, o agrediram, disseram
que ele teria de apanhar por ser
negro e o xingaram com vários
palavrões de conotação racista.
Com os agressores foram
apreendidos um pedaço de pau
e uma pulseira com espetos. Os
dois suspeitos vestiam roupas
pretas, usavam coturnos e um
deles tinha um corte de cabelo
em estilo "punk".
Eles foram encaminhados ao
3º Distrito Policial, de Campos
Elíseos, e depois levados à carceragem do 2º DP, no Bom Retiro. Em depoimentos à polícia,
ambos negaram as acusações e
afirmaram que não são skinheads -jovens que ouvem
rock, vestem roupas de couro e
adereços de metal e, em alguns
casos, são identificados com
mensagens de ódio a judeus,
negros, nordestinos, homossexuais e outras minorias.
A vítima fez um exame de
corpo de delito, no qual foram
constatadas algumas lesões
corporais, principalmente na
perna esquerda.
A reportagem procurou pela
família do agredido e conseguiu falar com uma tia dele,
que pediu para não ter o nome
divulgado e disse ter recebido
visita dele há um mês. De acordo com ela, o jovem agredido
saiu de casa durante a adolescência e os familiares perderam o contato com ele.
Os agressores foram presos
sob a acusação de lesão corporal e injúria racial. A polícia
apura a relação do caso com a
reunião de um grupo de skinheads, perto do local onde
houve a agressão, também na
madrugada de ontem.
"Coisa esquisita"
À reportagem a mãe de um
dos agressores, o vigilante Lindolfo Felipe de Lima, 22, afirmou que o jovem não é skinhead, mas roqueiro. Ela não
quis ser identificada porque
quer preservar o seu trabalho
em um salão de beleza "famoso". Sobre o filho, disse que ele
não é racista. "Ele é super carinhoso comigo e com o irmão e
somos negros, não existe isso
de racismo. Tem alguma coisa
esquisita nessa história", disse.
A reportagem não conseguiu
contato com o outro suspeito,
Luan Jesus Torres Silva, 21,
nem com seus familiares.
São Paulo já registrou vários
casos de intolerância envolvendo skinheads, como o ocorrido
três anos atrás na avenida Paulista, onde um grupo agrediu a
socos e pontapés dois jovens,
que ouviram insultos sexuais.
Um ano depois, um policial
militar à paisana foi agredido
na rua Augusta, na região central, por supostos skinheads.
Na maioria dos casos do gênero, quando há prisão, os suspeitos costumam negar ligações com os skinheads ou com
grupos considerados extremistas ou racistas.
Colaborou a Reportagem Local
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