São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2010

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Morador de rua é agredido no centro de SP

Dois jovens de pulseiras com espetos foram presos sob suspeita de agressão e injúria racial na madrugada de ontem

Polícia Civil investiga se há ligação entre os suspeitos de agressão e um encontro que reuniu skinheads horas antes na mesma região

THATIANA MENDES
DO "AGORA"

Dois jovens foram presos sob a acusação de agredir e ofender um morador de rua de 22 anos no vale do Anhangabaú, região central de São Paulo, durante a madrugada de ontem. De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública, o caso está ligado a racismo -os agressores seriam skinheads.
Segundo a polícia, testemunhas -uma delas namorada da vítima e também moradora de rua- confirmaram que os dois rapazes abordaram o morador de rua, o agrediram, disseram que ele teria de apanhar por ser negro e o xingaram com vários palavrões de conotação racista.
Com os agressores foram apreendidos um pedaço de pau e uma pulseira com espetos. Os dois suspeitos vestiam roupas pretas, usavam coturnos e um deles tinha um corte de cabelo em estilo "punk".
Eles foram encaminhados ao 3º Distrito Policial, de Campos Elíseos, e depois levados à carceragem do 2º DP, no Bom Retiro. Em depoimentos à polícia, ambos negaram as acusações e afirmaram que não são skinheads -jovens que ouvem rock, vestem roupas de couro e adereços de metal e, em alguns casos, são identificados com mensagens de ódio a judeus, negros, nordestinos, homossexuais e outras minorias.
A vítima fez um exame de corpo de delito, no qual foram constatadas algumas lesões corporais, principalmente na perna esquerda.
A reportagem procurou pela família do agredido e conseguiu falar com uma tia dele, que pediu para não ter o nome divulgado e disse ter recebido visita dele há um mês. De acordo com ela, o jovem agredido saiu de casa durante a adolescência e os familiares perderam o contato com ele.
Os agressores foram presos sob a acusação de lesão corporal e injúria racial. A polícia apura a relação do caso com a reunião de um grupo de skinheads, perto do local onde houve a agressão, também na madrugada de ontem.

"Coisa esquisita"
À reportagem a mãe de um dos agressores, o vigilante Lindolfo Felipe de Lima, 22, afirmou que o jovem não é skinhead, mas roqueiro. Ela não quis ser identificada porque quer preservar o seu trabalho em um salão de beleza "famoso". Sobre o filho, disse que ele não é racista. "Ele é super carinhoso comigo e com o irmão e somos negros, não existe isso de racismo. Tem alguma coisa esquisita nessa história", disse.
A reportagem não conseguiu contato com o outro suspeito, Luan Jesus Torres Silva, 21, nem com seus familiares.
São Paulo já registrou vários casos de intolerância envolvendo skinheads, como o ocorrido três anos atrás na avenida Paulista, onde um grupo agrediu a socos e pontapés dois jovens, que ouviram insultos sexuais.
Um ano depois, um policial militar à paisana foi agredido na rua Augusta, na região central, por supostos skinheads.
Na maioria dos casos do gênero, quando há prisão, os suspeitos costumam negar ligações com os skinheads ou com grupos considerados extremistas ou racistas.


Colaborou a Reportagem Local

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