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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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SEGURANÇA

Manifestantes carregavam cartazes e paravam motoristas para contar o caso da estudante morta por tiros de fuzil

Enterro vira protesto antiviolência no Rio

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Parentes e amigos da estudante de direito Cíntia Araújo Lima dos Santos, 27, fizeram uma manifestação contra a violência nas ruas próximas ao cemitério de Irajá (zona norte do Rio), onde seu corpo foi enterrado ontem de manhã. Santos morreu na noite de sexta-feira ao ser atingida por três tiros de fuzil, um deles na cabeça, em Bonsucesso (zona norte).
No cortejo estavam cerca de 200 pessoas, que levavam cartazes em que se lia "liberdade", "segurança", "paz". Tias da estudante lideravam a manifestação e paravam carros e ônibus para contar o caso de Santos. "Minha sobrinha foi morta com tiros de fuzil quando voltava da faculdade. Estou revoltada", disse Rosângela Macedo.
Houve também críticas ao secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, e à governadora Rosinha Matheus (PSB), que disse lamentar o episódio.
Mãe de Gabriela, 3, e Gabriel, 6, Cíntia Santos pensava em sair do Rio por causa da violência. De acordo com o marido, o vendedor Edmilson Pereira dos Santos, 34, ela já pedira transferência para uma universidade em Sergipe.
Colega de Santos, Edson da Silva Raimundo, 29, dirigia o carro da estudante e negou a versão divulgada por parentes da vítima de que havia furado uma falsa blitz. Segundo ele, cerca de seis criminosos atiraram contra o carro, sem motivo aparente. Mais duas estudantes estavam no carro.
Raimundo, ferido a bala na mão esquerda, disse que viu quando os seis homens se aproximaram a pé, mas que eles não o mandaram parar nem fecharam a rua. "Eu estava a 40 km por hora e, se os bandidos mandassem parar, não seria maluco de atravessar uma blitz", disse. O incidente ocorreu a 200 m da 21ª Delegacia de Polícia.
Adriana Domingos da Silva, 30, que também estava no carro, disse que os vidros estavam fechados e eles conversavam ouvindo música. Santos, Silva e Raimundo eram colegas na UniverCidade.
Os estudantes prestarão depoimento hoje pela manhã. Segundo a polícia, os criminosos seriam do complexo de Manguinhos. Às 19h, haverá protesto em frente à UniverCidade, em Bonsucesso.

Ministro
A polícia ainda não conseguiu prender os assaltantes que agrediram a marretadas e socos o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Luiz Fux, na sexta-feira à noite. Um dos supostos assaltantes, Felipe Pimentel de Oliveira Costa Vieira, 22, teve a prisão decretada e é considerado foragido.
Fux continuava internado no Hospital Copa D'Or (zona sul) até a conclusão desta edição.

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