São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2006

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entrevista

"Foi um abuso de autoridade", diz advogado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O advogado Sérgio Weslei da Cunha, 38, afirmou ontem, por telefone, à Folha que foi preso "porque disse a verdade". "Eu disse que, exatamente, se aprende muito rápido aqui [na Câmara]", afirmou. "Essa Casa não tem autoridade moral." Durante acareação na CPI do Tráfico de Armas, ele respondeu a uma afirmação do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), insinuando que os parlamentares eram malandros. "Você aprendeu rápido com a malandragem", disse Faria de Sá ao advogado. "A gente aprende rápido aqui [na Câmara]", respondeu Cunha. Formado pela Universidade Federal de Mato do Grosso do Sul, ele atua como advogado há dois anos e meio. Antes, foi gerente comercial em uma empresa.  

FOLHA - Por que o sr. acha que foi preso?
SÉRGIO WESLEI CUNHA
- Foi um ato ilegal, um abuso de autoridade por parte da CPI. A minha resposta à injusta provocação chama-se retorção, prevista no artigo 140 do Código Penal. Estou dizendo para vocês [os jornalistas] desde o começo. Fui bode expiatório. Eles querem tirar foco do não cumprimento da lei de execução penal no Estado de São Paulo.

FOLHA - O sr. pretende tomar quais medidas contra a Câmara?
CUNHA
- Já protocolamos [ele e os advogados] um pedido para que tivéssemos acesso ao áudio e às notas taquigráficas justamente para que eles [os deputados] sejam penalizados pelo abuso de autoridade.

FOLHA - O sr. afirmou que foi preso porque disse a verdade...?
CUNHA
- Fui preso porque disse a verdade.

FOLHA - E essa verdade é qual?
CUNHA
- A verdade é que lá [na CPI] eles estavam me chamando de bandido. Quando ele [Arnaldo Faria de Sá] tinha dito que eu tinha aprendido rápido com a malandragem, eu disse que, exatamente, se aprende muito rápido aqui.

FOLHA - O sr. acha que tem malandro na Câmara?
CUNHA
- Eu não acho, não. Eu tenho certeza. Isso por conta de todas as denúncias. Eles [deputados] absolvem parlamentares comprovadamente com desvios de 2, 3 milhões [de reais], com caixa dois, com sanguessuga, com mensalão. Eu sou só um pobre coitado, apenas um bode expiatório.

FOLHA - O sr. é advogado do PCC?
CUNHA
- O PCC não existe, é igual ao mensalão. Não peço ao meu cliente cliente a cartinha se ele é do PCC, do PFL, do PSDB. Ou do PT, também, para não dizer que eu só falei dos partidos de oposição. (ADRIANO CEOLIN E FABIO ZANINI)


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