São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2008

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Jovem festeja 25 anos com visita de pai e filho

DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda não são 8h de ontem e o metalúrgico aposentado César Rocha, 57, aguarda com o neto, de menos de um ano e meio, a vez de entrar na penitenciária feminina do Butantã, na zona oeste de São Paulo. Eles querem visitar a filha de Rocha -que não terá o nome revelado nesta reportagem- e comemorar seu aniversário de 25 anos. O pai do garoto não estará presente, pois abandonou a família quando a mulher foi presa por tráfico de drogas.
"Eles moravam juntos havia um ano, mas não estavam muito bem. Acho que o fato de ela ter sido presa foi o estopim para ele sair de casa. Na hora em que ele mais teria que apoiá-la, decidiu abandonar tudo. Hoje quem dá apoio e sustenta a criança sou eu", diz Rocha.
A moça foi mandada para a prisão no segundo mês de gestação e teve o filho atrás das grades. "Eu trago o meu neto aqui todos os domingos, desde que ele nasceu. Agora a pena da minha filha já está chegando ao fim. Não quero mais trazer o meu neto para cá porque ele está começando a entender as coisas. Não quero que ele fique para sempre com o trauma de lembrar da mãe em um lugar como esse", afirma.
O aposentado sabe que, em alguns casos, presos e presas conseguem iniciar novos relacionamentos amorosos mesmo cumprindo pena no sistema prisional. Isso é mais comum em penitenciárias de homens, afirma, mas diz também que a filha já contou que nunca se envolveria com ninguém no ambiente carcerário.
"Agora estamos fazendo planos para quando ela acabar de cumprir a pena. Ela é hoje uma pessoa mudada porque aceitou Deus", diz.

Casamento
Apesar das estatísticas, é possível achar na mesma fila para a visita na penitenciária do Butantã maridos que querem manter o casamento a qualquer custo. É o caso do operário José Roberto Pereira da Silva, 35, que aguarda a vez de entrar com o filho de seis anos.
"Ela está no sistema [carcerário] há dois anos e eu venho todo domingo com ele [filho] e com as irmãs dela. Estamos casados há 17 anos e temos ele [filho] e uma menina de 16 anos."
No começo do cumprimento da pena de prisão, segundo ele, o mais difícil era se locomover até as diversas unidades prisionais onde sua mulher esteve presa. Hoje ele consegue ir à penitenciária em 20 minutos de carro, pois mora em Barueri, na Grande São Paulo. "A visita é muito importante para a recuperação dela e o menino sente muita falta. Eles ficam brincando de desenhar e de "atirei o pau no gato". Vamos embora às 16h", diz o operário.


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