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Jovem festeja 25 anos com visita de pai e filho
DA REPORTAGEM LOCAL
Ainda não são 8h de ontem e
o metalúrgico aposentado César Rocha, 57, aguarda com o
neto, de menos de um ano e
meio, a vez de entrar na penitenciária feminina do Butantã,
na zona oeste de São Paulo.
Eles querem visitar a filha de
Rocha -que não terá o nome
revelado nesta reportagem- e
comemorar seu aniversário de
25 anos. O pai do garoto não estará presente, pois abandonou
a família quando a mulher foi
presa por tráfico de drogas.
"Eles moravam juntos havia
um ano, mas não estavam muito bem. Acho que o fato de ela
ter sido presa foi o estopim para ele sair de casa. Na hora em
que ele mais teria que apoiá-la,
decidiu abandonar tudo. Hoje
quem dá apoio e sustenta a
criança sou eu", diz Rocha.
A moça foi mandada para a
prisão no segundo mês de gestação e teve o filho atrás das
grades. "Eu trago o meu neto
aqui todos os domingos, desde
que ele nasceu. Agora a pena da
minha filha já está chegando ao
fim. Não quero mais trazer o
meu neto para cá porque ele está começando a entender as
coisas. Não quero que ele fique
para sempre com o trauma de
lembrar da mãe em um lugar
como esse", afirma.
O aposentado sabe que, em
alguns casos, presos e presas
conseguem iniciar novos relacionamentos amorosos mesmo
cumprindo pena no sistema
prisional. Isso é mais comum
em penitenciárias de homens,
afirma, mas diz também que a
filha já contou que nunca se envolveria com ninguém no ambiente carcerário.
"Agora estamos fazendo planos para quando ela acabar de
cumprir a pena. Ela é hoje uma
pessoa mudada porque aceitou
Deus", diz.
Casamento
Apesar das estatísticas, é possível achar na mesma fila para a
visita na penitenciária do Butantã maridos que querem
manter o casamento a qualquer
custo. É o caso do operário José
Roberto Pereira da Silva, 35,
que aguarda a vez de entrar
com o filho de seis anos.
"Ela está no sistema [carcerário] há dois anos e eu venho
todo domingo com ele [filho] e
com as irmãs dela. Estamos casados há 17 anos e temos ele [filho] e uma menina de 16 anos."
No começo do cumprimento
da pena de prisão, segundo ele,
o mais difícil era se locomover
até as diversas unidades prisionais onde sua mulher esteve
presa. Hoje ele consegue ir à
penitenciária em 20 minutos
de carro, pois mora em Barueri,
na Grande São Paulo. "A visita é
muito importante para a recuperação dela e o menino sente
muita falta. Eles ficam brincando de desenhar e de "atirei o pau
no gato". Vamos embora às
16h", diz o operário.
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