São Paulo, terça-feira, 26 de maio de 2009

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Após atraso, usuários quebram ônibus em SP

Moradores protestaram ontem no distrito do Jardim Ângela, na zona sul, e apedrejaram nove veículos; ninguém foi preso

Veículo quebrou e causou atraso de meia hora na circulação dos ônibus; empresa diz que falha de ontem foi "pontual"


RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Nove ônibus foram apedrejados na manhã de ontem em um protesto de moradores do distrito do Jardim Ângela (extremo sul de São Paulo) contra a má qualidade do transporte na região. Segundo testemunhas, entre 200 e 300 pessoas participaram do ato, que acabou com uma pessoa ferida sem gravidade. Ninguém foi preso.
Eram 5h quando os ônibus da única linha que parte do bairro Jardim Aracati (até o terminal Santo Amaro, na zona sul) começaram a se acumular vazios no ponto inicial. Isso teria durado meia hora. Resultado: longas filas de passageiros que, irritados, começaram o quebra-quebra, segundo testemunhas.
O problema foi ocasionado pela quebra de um dos ônibus, que não partiu na hora programada -eles saem em intervalos de 4 a 15 minutos.
O extremo sul da cidade é uma das regiões onde o transporte é mais problemático. As viagens até o centro chegam a demorar mais de três horas.
A região foi alvo, em março do ano passado, de um protesto em que cerca de mil moradores bloquearam o corredor de ônibus da estrada do M'Boi Mirim (a 3 km do protesto de ontem), por causa de frequentes engarrafamentos no corredor.
Moradores afirmaram que atrasos (não tão longos quanto o de ontem) têm se tornado recorrentes desde o início do mês, quando a empresa VIP, dona dos ônibus da linha, deixou de enviar os fiscais que coordenavam e autorizavam, no local, as partidas dos ônibus no período das 4h às 7h.
O controle das partidas passou a ser feito por GPS, com autorizações via mensagens remotas aos motoristas. Ontem, como não havia fiscal para autorizar a saída imediata de outro ônibus no lugar do que quebrou, houve atraso prolongado.

Fiscais
A SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo na cidade) diz que a empresa será multada e que os fiscais deverão ser enviados hoje ao local.
A VIP disse que a falha de ontem foi "pontual" e que o controle de partidas é feito tanto por fiscais quanto por meio de monitoramento remoto.
Em abril, donos de viações avisaram à Câmara, por carta, que iria ocorrer uma piora da qualidade do transporte, por causa do congelamento do repasse de verbas anunciado pela gestão Gilberto Kassab (DEM).
A administração praticamente cortou, neste ano, a verba para compra de novos ônibus dada às empresas, que em 2008 foi de R$ 304 milhões.
O ato de ontem, segundo testemunhas, foi "espontâneo", sem organização prévia. A situação só se normalizou por volta das 7h, com o envio de fiscais pela empresa para autorizar pessoalmente as partidas.
"O povo chegou no ponto e não tinha ônibus [saindo]. Aí, se revoltou. Só não tacaram fogo em tudo porque não tinha como [iniciar um incêndio]", disse Genilda Eusébio, 47, que disse ter visto tudo de seu bar.
Moradores afirmaram ainda que a qualidade do serviço na região vem piorando nos últimos dois anos, com a gradativa retirada de linhas e redução da quantidade de ônibus do bairro -o que a empresa VIP nega.


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