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Após atraso, usuários quebram ônibus em SP
Moradores protestaram ontem no distrito do Jardim Ângela, na zona sul, e apedrejaram nove veículos; ninguém foi preso
Veículo quebrou e causou atraso de meia hora na circulação dos ônibus; empresa diz que falha
de ontem foi "pontual"
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nove ônibus foram apedrejados na manhã de ontem em um
protesto de moradores do distrito do Jardim Ângela (extremo sul de São Paulo) contra a
má qualidade do transporte na
região. Segundo testemunhas,
entre 200 e 300 pessoas participaram do ato, que acabou
com uma pessoa ferida sem
gravidade. Ninguém foi preso.
Eram 5h quando os ônibus da
única linha que parte do bairro
Jardim Aracati (até o terminal
Santo Amaro, na zona sul) começaram a se acumular vazios
no ponto inicial. Isso teria durado meia hora. Resultado: longas filas de passageiros que, irritados, começaram o quebra-quebra, segundo testemunhas.
O problema foi ocasionado
pela quebra de um dos ônibus,
que não partiu na hora programada -eles saem em intervalos de 4 a 15 minutos.
O extremo sul da cidade é
uma das regiões onde o transporte é mais problemático. As
viagens até o centro chegam a
demorar mais de três horas.
A região foi alvo, em março
do ano passado, de um protesto
em que cerca de mil moradores
bloquearam o corredor de ônibus da estrada do M'Boi Mirim
(a 3 km do protesto de ontem),
por causa de frequentes engarrafamentos no corredor.
Moradores afirmaram que
atrasos (não tão longos quanto
o de ontem) têm se tornado recorrentes desde o início do
mês, quando a empresa VIP,
dona dos ônibus da linha, deixou de enviar os fiscais que
coordenavam e autorizavam,
no local, as partidas dos ônibus
no período das 4h às 7h.
O controle das partidas passou a ser feito por GPS, com autorizações via mensagens remotas aos motoristas. Ontem,
como não havia fiscal para autorizar a saída imediata de outro ônibus no lugar do que quebrou, houve atraso prolongado.
Fiscais
A SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo na
cidade) diz que a empresa será
multada e que os fiscais deverão ser enviados hoje ao local.
A VIP disse que a falha de ontem foi "pontual" e que o controle de partidas é feito tanto
por fiscais quanto por meio de
monitoramento remoto.
Em abril, donos de viações
avisaram à Câmara, por carta,
que iria ocorrer uma piora da
qualidade do transporte, por
causa do congelamento do repasse de verbas anunciado pela
gestão Gilberto Kassab (DEM).
A administração praticamente cortou, neste ano, a verba para compra de novos ônibus dada às empresas, que em
2008 foi de R$ 304 milhões.
O ato de ontem, segundo testemunhas, foi "espontâneo",
sem organização prévia. A situação só se normalizou por
volta das 7h, com o envio de fiscais pela empresa para autorizar pessoalmente as partidas.
"O povo chegou no ponto e
não tinha ônibus [saindo]. Aí,
se revoltou. Só não tacaram fogo em tudo porque não tinha
como [iniciar um incêndio]",
disse Genilda Eusébio, 47, que
disse ter visto tudo de seu bar.
Moradores afirmaram ainda
que a qualidade do serviço na
região vem piorando nos últimos dois anos, com a gradativa
retirada de linhas e redução da
quantidade de ônibus do bairro
-o que a empresa VIP nega.
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