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60% de diretores têm doença psicológica
Pesquisa diz que seis entre dez gestores de escolas municipais de SP tiveram em 2009 problemas como estresse
Levantamento foi
feito pelo sindicato da categoria; só 0,9% dos dirigentes disseram não ter questões de saúde
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
Quase 60% dos dirigentes
de escolas municipais de São
Paulo sofreram no ano passado algum problema psicológico, aponta pesquisa feita
pelo sindicato da categoria.
Estresse foi o mais citado,
com 15,4%, seguido de ansiedade e fadiga. O primeiro sintoma relatado que não se vincula diretamente a questões
psicológicas foi dor de cabeça.
Apenas 0,9% dos dirigentes disseram não ter passado
por nenhum problema de
saúde. Foram ouvidos pelo
Sinesp (sindicato) 418 gestores, para representar os cerca
de 5.000 diretores, supervisores e coordenadores.
Para o sociólogo Rudá Ricci, coordenador da pesquisa,
"a situação preocupante"
ocorre devido ao excesso de
burocracia, como preenchimento de formulários, que tira tempo de atividades pedagógicas. Ele cita ainda conflitos com pais de alunos.
Os dois pontos estão entre
as principais reclamações
dos entrevistados.
ALUNOS HETEROGÊNEOS
Para o secretário municipal de Educação, Alexandre
Schneider, o principal fator
para desgaste dos profissionais das escolas é a dificuldade em "lidar com conflitos",
após a cobertura da rede pública ter aumentado ao longo
dos últimos 20 anos.
"Os alunos são mais heterogêneos, é mais difícil de
trabalhar. Todos se frustram
quando eles não aprendem",
diz o representante da gestão
Gilberto Kassab (DEM).
A secretaria pretende fazer
ainda neste ano a capacitação de servidores para melhorar a relação com os pais e
os estudantes.
Especificamente sobre os
dados da pesquisa, Schneider afirma que o quadro mostrado está superestimado.
TRATAMENTO
Para os pesquisadores da
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Helena Calil
e Marcos Ferraz, os dados
apresentados são semelhantes ao que aparece no restante da população.
"O que se precisa fazer é
criar programas para cuidar
melhor desses educadores. A
psicologia e a psiquiatria, inclusive na rede pública de
saúde, têm todas as condições de tratar casos de depressão ou transtornos de
ansiedade", diz Ferraz.
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