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SAÚDE
Mecanismo de ressarcimento visa evitar corte de 2.500 leitos nos hospitais ameaçados pela perda de isenção
Ministério estuda fórmula para filantrópicas
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
O ministro José Serra (Saúde)
pretende criar um mecanismo de
ressarcimento aos hospitais filantrópicos que perderam a isenção
da contribuição previdenciária
por não atenderem pelo menos
60% de pacientes do SUS.
A lei que alterou o critério da
isenção deve gerar um prejuízo de
R$ 300 milhões para o sistema de
saúde do país, segundo estimativa
do ministro. A população, diz ele,
corre o risco de perder 2.500 leitos
de alta complexidade.
Há 250 hospitais filantrópicos
com atendimento de alta complexidade que vão passar a recolher a
contribuição previdenciária no
país. Essas instituições ameaçam
deixar de atender pacientes do SUS
porque afirmam não ter condições
financeiras de se manter.
Para reverter essa situação, o ministério pretende baixar uma portaria determinando que esses R$
300 milhões que o sistema estaria
perdendo sejam devolvidos aos
hospitais.
"A idéia é dar uma contribuição
financeira a essas instituições para
que consigam manter os atendimentos do SUS."
Mas, para isso, Serra depende de
liberação de verba por parte do
presidente Fernando Henrique
Cardoso. Além desses R$ 300 milhões, Serra afirmou que o presidente garantiu repassar ao Ministério da Saúde os R$ 500 milhões
para compensar as perdas com a
desvalorização da moeda e os R$
700 milhões que faltam para pagar
os hospitais do SUS até o fim do
ano.
"Espero receber esses recursos.
Reconheço que é um cobertor curto, mas isso não implica que devemos deixar pessoas desassistidas",
diz. "Só peço que os hospitais tenham paciência e não suspendam
o atendimento."
Francisco Maturano, da comissão técnica da Federação das Santas Casas do Estado de São Paulo,
diz que qualquer recurso é bem-vindo, mas que é preciso uma contribuição permanente.
"A situação das Santas Casas é
crítica. Mas o que precisamos mesmo é um aumento de cerca de 30%
nos preços da tabela de procedimentos do SUS, o que ajudaria a
manter as entidades." Ele acha que
essa é a única forma de "premiar"
os hospitais que realmente produzem. "Tabela é produção. Quem
não atender, não recebe."
Atendimento gratuito
A portaria que o ministro pretende baixar não deve atingir hospitais filantrópicos que oferecem
atendimento gratuito à comunidade, mas que não atendem o SUS.
"Não vamos dar recursos do SUS
para hospitais que não atendem o
SUS. Se quiserem, terão de passar a
atender", disse o ministro. "Mas
acho uma pena perder o atendimento que esses hospitais fazem."
Segundo ele, antes da criação
dessa lei, um grupo de dirigentes
de hospitais filantrópicos se reuniu a seu pedido para propor alternativas à lei então vigente.
Essa comissão, entre outras coisas, discutiu a possibilidade de
hospitais filantrópicos que não
atendiam o SUS passarem a fazer o
atendimento.
"Os hospitais se mostraram receptivos à idéia", diz. "Mas aí surgiu a nova lei e a operação foi abortada."
A Folha noticiou recentemente
que instituições como o Hospital
do Coração, Sírio Libanês e Albert
Einstein, entre outros que não
atendem SUS, estão reduzindo o
atendimento a carentes por conta
da perda de isenção (leia abaixo).
Essa situação só poderá se reverter se as entidades passarem a receber pacientes do SUS.
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